Para quem prefere veranear em locais mais tranquilos, sem a agitação do mar e a muvuca da beira da praia, uma opção são os campings do Litoral Norte. A reportagem de GZH visitou dois deles, um localizado em Osório, e o outro, em Maquiné. Em ambos, o ambiente familiar e o silêncio – é proibido escutar som – predominam entre barracas, trailers e chalés.
Em Osório, o Camping Lagoa do Horácio fica em uma área de 9,7 hectares da prefeitura. Desde 2017, a concessão do espaço está sob responsabilidade de um casal de administradores. Os dois vivem em uma casa no próprio lugar, cercado por árvores exuberantes, como figueiras, e tendo a Lagoa do Horácio em suas margens.
— Tenho condôminos que estão há seis anos comigo — conta com orgulho o administrador Luiz Carlos Nuri, de 69 anos.
Na chegada, um funcionário anota os dados de quem ingressa no camping. Os que optam por visitar por um dia pagam R$ 10, sendo que crianças até seis anos têm a entrada gratuita. Os administradores pedem para que os visitantes não levem cães ou outros pets para não atrapalhar os demais acampados.
A estrutura é bastante diversificada, com quatro chalés, restaurante, sanitários (inclusive para pessoas com deficiência), quiosque, churrasqueiras, quadra de beach tennis, quadra de futebol sete, área verde, pequeno trapiche na lagoa e alguns pedalinhos para as pessoas passearem pela água. Caiaques são permitidos, mas jet skis não.
No dia em que a reportagem circulou pelo camping (domingo, dia 11), havia muitas famílias aproveitando o sol no entorno das churrasqueiras. Mães com crianças estavam sentadas em cadeiras dentro da lagoa. Outras pessoas curtiam a sombra conversando. A marca do local é a limpeza, organização e extensa arborização.
Os visitantes vêm de diversas partes, até do Uruguai e da Argentina. O administrador cita que uma vez chegou uma argentina que teria vindo pedalando sozinha durante semanas desde o seu país. Houve uma ocasião em que o camping recebeu 2 mil pessoas apenas em um dia.
No restaurante há oferta de café da manhã, almoço e lanche. Porém, não é oferecida janta. Há os que preferem trazer de casa o que comer, como carne para preparar o churrasco em um ambiente estritamente familiar, onde não há brigas, confusão ou bate-boca.
— Dá bastante trabalho administrar o camping, mas a gente faz o que gosta. Já entrei na lagoa com água até o peito para tirar o lixo e os aguapés — afirma a esposa Neuza Maria da Silva Nuri, 68.
A aposentada Hilda Borba Silva, 84, é uma espécie de pioneira do local. Ela frequentava o espaço antes mesmo de se tornar um camping. Segundo menciona, faz 40 anos que costuma passar períodos de lazer ali.
— Quando cheguei aqui pela primeira vez era tudo matagal. Meu marido pegou uma foice e viemos debaixo da figueira fazer um churrasco — recorda ela, dizendo que era moradora de Osório e atualmente vive em Imbé.
A barraca azul de dona Hilda é de um capricho só. Possui todo o conforto e comodidade de uma casa, como filtro de água, cafeteria, cama, televisão, ventilador, guarda-roupa, mesa, fogãozinho de dois bicos, flores em vasos e potes com diversos temperos. Há tela contra mosquitos nas aberturas. A estrutura, que mede sete metros de largura por sete de comprimento, é montada por outras pessoas e familiares.
No dia que recebeu a reportagem, ela já estava havia 12 dias no camping – onde paga R$ 35 por dia para poder ficar com a barraca – e estenderia sua estadia até o fim de fevereiro. De vez em quando, ainda toma um banho na Lagoa do Horácio.
— Adoro isso aqui. Ver os passarinhos e os cardeais lindos que existem aqui. Faço muitas amizades — compartilha dona Hilda, que exibe uma vitalidade contagiante.
A filha Sarita Borba da Silva, 66, costuma passar temporadas no camping na companhia da mãe, quase ao lado da barraca.
— Trata-se de um camping de família. Não tem som e esculhambação — observa, salientando que sua família ajuda até na varrição dos espaços.
Sentada debaixo da mesma figueira onde os pais prepararam um churrasco décadas antes, ela acrescenta:
— Aqui é o paraíso no meio do mundo.
Um refúgio de tranquilidade Maquiné
O Camping Águas Maquiné, situado no município de nome homônimo, possui cerca de um hectare e também não permite som. O grande atrativo do local, rodeado por árvores nativas, é o Rio Maquiné. Os visitantes costumam levar as crianças para tomar banho em suas águas.
— O camping é familiar e o rio é top — explica o proprietário Rogério Cecconello, 58, que pretende ampliar a área e abriu o lugar há cerca de 10 anos.
Antigamente, ali existia uma roça. Agora, é um refúgio de tranquilidade. Quem for passar o dia vai desembolsar R$ 15 (crianças até os 10 anos não pagam). Já para acampar, o preço sobe para R$ 40 por pessoa.
A estrutura conta com sanitários, espaço coberto com churrasqueiras, mesas e bancos. Também há churrasqueiras espalhadas por diferentes pontos e duas cabanas, uma na entrada para até quatro pessoas, e a outra na beira do rio, que também comporta quatro visitantes. Além disso, há playground infantil, escorregadores, balanços e uma quadra de vôlei. O local oferece wi-fi, tem uma pequena pinguela e permite o ingresso de animais de estimação.
— O nosso principal público vem para acampar — cita a filha Débora Cecconello, 28, que auxilia o pai no camping.
— Tem gente que tira férias sempre para ficar aqui — completa ela.
A reportagem percebeu muitas famílias fazendo churrasco, tomando chimarrão e conversando na sombra das árvores. Crianças brincavam na água sob os olhos atentos das mães. No rio, é permitido andar de caiaque e de stand-up paddle. A pesca esportiva, às vezes, também acontece naquele trecho.
O ciclone de junho do ano passado afetou a estrutura do camping. A enchente do rio atingiu algumas áreas que precisaram passar por manutenção. Mas agora o cenário é diferente e os visitantes aproveitam o sol do verão.
— Venho sempre aqui duas vezes por semana — diz o jardineiro Sidnei Tariga, 44.
Ele conta que prefere chegar cedo para pegar sempre o mesmo lugar, às margens do Rio Maquiné, onde gosta de assar uma carne. Estava fazendo na churrasqueira barriga de porco e contrafilé enquanto os filhos brincavam na água.
— Moro há 12 anos em Xangri-lá e fui ao mar duas ou três vezes por ano. Prefiro aqui no rio onde não tem onda — conclui.
SERVIÇO
Camping Lagoa do Horácio (Osório)
Endereço: Rua Arlindo Viegas Freitas, 4000 (localidade de Capão da Areia)
Funcionamento: diariamente (das 7h às 20h)
Valor: R$ 10 por pessoa para passar o dia (crianças até seis anos não pagam); R$ 35 por pessoa para acampar.
Camping Águas de Maquiné (Maquiné)
Endereço: Linha Ilha, 2 (para chegar é preciso pegar a primeira à esquerda depois da ponte e a primeira à direita em seguida)
Funcionamento: diariamente (das 8h30min às 18h)
Valor: R$ 15 por pessoa para passar o dia (crianças até 10 anos não pagam); R$ 40 por pessoa para acampar.