Com olhinhos saltados e dentes aparentes, um tuco-tuco das dunas (Ctenomys flamarioni) foi flagrado na praia de Atlântida, em Xangri-lá, no Litoral Norte, na manhã desta quinta-feira (2). Ele abria túneis na areia, construindo passagens. O roedor é 100% gaúcho — ou, em termos mais técnicos, é de espécie endêmica do RS, só existe aqui.
Ameaçado de extinção, o animal tem diversos desafios para manter sua espécie. Entre eles, a urbanização (com a construção de condomínios nas proximidades da beira da praia) e a interação com cães e gatos que frequentam o local soltos, que também representam risco. O peso feito nas dunas durante a caminhada de veranistas também significa perigo, assim como a a retirada de faixas de areia.
Por só existir no RS e correr esses riscos, seu território deve ser ainda mais protegido e respeitado, explica o biólogo Maurício Tavares, do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):
— Ele está ameaçado de extinção justamente pelo processo de degradação das dunas. Como ele vive só ali, o fluxo de muitas pessoas passando impacta na duna como um todo. Afeta a estrutra toda da duna, tanto as galerias construídas por eles como a vegetação ali, que é o alimento desses roedores. O indicado é usar as passarelas.
Em geral, esses pequenos roedores vivem em suas galerias subterrâneas e não é muito comum que saiam de suas casas. Só deixam seu lar para se alimentar, limpar a toca ou tirar o excesso de areia, como flagrado nas imagens.
O bichinho vive por cerca de dois anos, costuma pesar cerca de 300 gramas e se alimentam unicamente de plantas.
Os animais são inofensivos aos humanos — não atacam nem transmitem doenças. Portanto, se você encontrar um desses roedores no seu jardim ou perto de casa, fique tranquilo: além de fofos, eles costumam deixar o solo mais fértil, aerado e irrigado.
Alguns hábitos ajudam na proteção desses animais, como evitar caminhar pelas dunas e preferir as passarelas, recolher seu lixo da praia e manter seu pet sempre na coleira, evitando possíveis ataques. Também não é recomendado alimentar os roedores para que não percam o instinto de buscar seu próprio alimento, já encontrado nas dunas. Outra recomendação é admirar esse morador da areia de longe, sem se aproximar muito, assim evita medo e estresse.
Quem enxergar um tuco-tuco pode mandar e-mail pra o projeto que leva o nome do animal, trabalho desenvolvido pela UFRGS, pelo endereço: projetotucotuco@gmail.com.