Com o objetivo de possibilitar que todos possam aproveitar a praia da melhor forma possível, o Sesc-RS promoveu neste sábado (14) a segunda edição do Dia da Inclusão. O evento ofereceu uma série de atividades inclusivas e gratuitas para pessoas com deficiência, nas proximidades da guarita 148, em Tramandaí, no Litoral Norte.
A programação teve início às 9h e contou com banhos de mar em cadeiras anfíbias, passeios com bicicletas adaptadas, oficina de surf adaptado e demonstração de vôlei sentado. Além disso, a estrutura montada na casa de praia Sesc Tramandaí (Avenida Beira Mar, 2.015) disponibilizou um playground inclusivo, com brinquedos adaptados, jogo de capoeira e um circuito sensorial, onde pessoas puderam vivenciar a realidade de algumas deficiências.
Eliza Guedes Machado, diretora do Sesc Tramandaí, explica que a ideia para promover o Dia da Inclusão surgiu em 2020, impulsionada pela grande procura que a instituição já tinha por parte desse público, por oferecer os banhos inclusivos em cadeiras anfíbias desde 2015. A primeira edição foi realizada em Capão da Canoa, também no Litoral Norte, com a mesma estrutura deste ano:
— Foi um grande sucesso. Acaba que as entidades e as pessoas já buscam o Sesc com o intuito de aproveitar essa inclusão e essa acessibilidade. Então, agora, com a retomada do projeto Estação Verão, obviamente não poderíamos deixar de ter o Dia da Inclusão.
A diretora destaca que a procura pelas atividades costuma ser grande e reunir pessoas de todo o litoral gaúcho, já que não são todas as praias que têm a cadeira anfíbia à disposição para levá-las para a areia ou para o mar. Esse serviço também é oferecido pelo Sesc em Tramandaí e na Praia do Laranjal, em Pelotas.
O gaúcho André Maia, 34 anos, veio de Porto Alegre para Tramandaí na sexta-feira (13), apenas para aproveitar o Dia da Inclusão. Cadeirante desde 2008, ele conta que sempre procura participar dos eventos inclusivos que são realizados na praia. Neste sábado, andou pela primeira vez em uma bicicleta adaptada, na qual se utiliza as mãos para pedalar.
— Gostei bastante, vale a pena — afirma André.
Além do passeio de bicicleta, o gaúcho queria fazer aula de surf e jogar vôlei. Ainda pela manhã, também aproveitou para tomar um banho de mar e garante que a água não estava gelada:
— Foi bem legal, a água está boa. É bom matar a saudade do mar, ainda mais nesse calor, porque refresca. A experiência com a cadeira é bacana, é bem diferente e dá uma sensação boa. Tem que aproveitar!
— Acho que deveria ter mais praias acessíveis para cadeirantes. Para nós seria muito bom, porque gostamos de tomar banho, se divertir, fazer exercícios. A cadeira de banho deveria ter em todas as praias do nosso litoral — acrescenta André.
Demonstração para incentivar
A atividade especial da segunda edição do evento foi uma demonstração do vôlei sentado. A modalidade paralímpica foi apresentada por atletas ligados ao Instituto Esporte Mais, que inclusive já participaram do Campeonato Brasileiro. Outras pessoas também puderam jogar — as partidas também foram acompanhadas por quem passava pelo calçadão de Tramandaí.
De acordo com Lindiara Souza, paratleta do Instituto Esporte Mais, a ideia da atividade foi estimular o público a sentar na areia para jogar junto e incentivar outras pessoas com deficiência. Ela comenta que a modalidade não é muito divulgada ainda, por isso, aproveitaram o Dia da Inclusão para mostrar como é o vôlei sentado.
— Isso mostra que a pessoa com deficiência não precisa ficar trancada, sem fazer nada. O esporte pode abrir portas para ela e dar a oportunidade de ter convivência com outras pessoas. Então, a gente também chama o pessoal que quer praticar o vôlei sentado para vir conversar — afirma Lindiara.
O paratleta César Ignácio, 54 anos, destaca que a importância da atividade está relacionada à prática do esporte, que representa saúde, e à divulgação da modalidade. O gaúcho também acredita que isso ajuda a ressaltar que o fato de ter alguma deficiência não impede as pessoas de fazer algo:
— Tem pessoas que não têm as duas pernas e praticam, tem pessoas que não têm as duas pernas e um braço e praticam, tem pessoas que não têm os dois braços e praticam algum outro tipo de esporte. Isso é muito importante, uma forma de servir de inspiração, com certeza.
Com os dois braços e as duas pernas, César tem problemas de coluna e uma das pernas paralisada, por isso, usa cadeira de rodas. Mesmo assim, pratica vários esportes, além do vôlei sentado.
— Quando eu era mais jovem, jogava vôlei. Agora eu sou cadeirante, mas antes, não era. Então, não é por causa disso que eu vou parar de fazer. Eu gosto bastante — finaliza.