Otimismo é a palavra capaz de resumir a expectativa de administradores municipais e o setor do turismo para o verão nas praias do Litoral Norte. Isso ocorre porque, neste veraneio, covid-19, distanciamento social ou restrições de público não estão entre as maiores preocupações durante os preparativos.
Apesar do surgimento de uma nova variante, que colocou o Estado em atenção, o cenário sanitário é mais favorável do que nos últimos anos. Além disso, crises em países vizinhos e na Europa devem estimular viagens internas, em um verão que poderá superar os anteriores à pandemia na área turística. Atualmente, os assuntos mais falados são hotéis lotados e espera por recorde de visitantes no período.
Essas foram as informações obtidas pela reportagem no contato com os envolvidos no próximo veraneio no Litoral Norte, durante a tradicional blitz de GZH, feita nesta semana para acompanhar os preparativos dos municípios para os próximos meses.
Capão da Canoa, por exemplo, espera superar a marca de 1 milhão de visitantes nas festividades de fim de ano. Torres faz os últimos ajustes de obras que buscam melhorar o trânsito de veranistas à beira-mar e na Lagoa da Viola. Tramandaí renovou o tradicional letreiro com a frase "Eu amo Tramandaí", além de ter investido na iluminação pública da ponte Giuseppe Garibaldi. Imbé também contribuiu para a melhoria da via que liga as duas cidades, além de ter revitalizado parte do passeio público. Balneário Pinhal apresentará, aos turistas, uma rua coberta em um dos pontos tradicionais do centro da cidade.
Affonso Flávio Angst, presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte) e prefeito de Arroio do Sal, utiliza um número para mensurar a expectativa para a próxima estação: ele estima que 2 milhões de pessoas estarão nas praias do Litoral Norte nas festividades de Natal e Ano Novo, quantidade que supera, inclusive, a média de 1,5 milhão de visitantes que costumava estar nos municípios no mesmo período em anos antes da pandemia.
— Existem poucos casos de covid-19 em toda a região. Há a vontade de as pessoas saírem, visitarem suas casas no litoral. Já estamos notando a falta da mão de obra, há dificuldade de contratar funcionários neste período. Outros comerciantes já estão se antecipando nas contratações, para preparar as pessoas para o verão. Nossa expectativa é a melhor possível — comenta.
Ele estima que, após as atividades de fim de ano, o número de visitantes em janeiro e março deverá continuar constante, com o pico de circulação nas praias nos sábados e domingos.
— Acredito que pessoas vão optar por ficar próximas às suas casas, não vão para o exterior ou para cidades mais longínquas. Antes, elas ficavam 15 dias ou um mês na praia. Hoje, elas vão e retornam. Por isso estimamos que 1,5 milhão fique nas praias (do Litoral Norte) durante cada fim de semana — pontua o prefeito de Arroio do Sal.
Sem vagas
Ivone Ferraz, presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, diz entender que o movimento de turistas nos municípios da região deverá ser no mínimo 20% maior do que o período antes da pandemia.
— Trabalho com hotelaria há 40 anos e nunca tinha visto nada parecido. Estamos com reservas (nos hotéis) de novembro, dezembro e janeiro com praticamente 100% de lotação. Muitas vezes falamos para as pessoas que estamos lotados, e elas se espantam com essa atividade turística — comenta.
Segundo a presidente da entidade, os hotéis dos municípios da região têm 22 mil leitos disponíveis, a maioria deles ocupados para as datas comemorativas do fim do ano. Ela afirma que o setor hoteleiro "nasceu de novo" com a procura atípica, que pode ser explicada a partir de diversos fatores não vistos em anos anteriores.
— O turista brasileiro que viaja para fora sabe que as coisas estão caras lá. Já o argentino e uruguaio, que estão sem dinheiro para viajar para outros países, virão para cá. A Europa tem problema de gás, há a guerra na Ucrânia. Por isso, as viagens internacionais se enfraqueceram bastante, o que faz o turismo interno ficar mais intenso — pontua.