É entre animais taxidermizados, aquários com peixes vivos e um enorme esqueleto de baleia jubarte que o Museu de Ciências Naturais (Mucin) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Imbé, procura trazer aos visitantes informações sobre as belezas naturais do Litoral Norte. O local, que estava fechado desde o início da pandemia, reabriu para o público em janeiro, mediante agendamento prévio, uso de máscara, apresentação de passaporte vacinal e restrição para grupos de até 15 pessoas por vez (confira informações sobre a visitação no final).
Atualmente, a única exposição aberta do Mucin é a Litoral Norte: Suas Belezas e Fragilidades, composta por um acervo da fauna marinha e costeira da região. A ideia é mostrar, ao mesmo tempo, a riqueza do ecossistema da região e as fragilidades decorrentes da interação com os seres humanos.
— É importante que as crianças e os adultos saibam o que é um museu, que é um espaço de conservação e de história, mesmo que seja a de animais, e da relação desses ambientes com os seres humanos. A nossa exposição é sobre isso. É fundamental que as crianças saibam desde o início qual é o impacto delas na vida dos ecossistemas — avalia a bióloga Cariane Campos Trigo, do Mucin.
Outras atividades, como as oficinas para crianças e escolas que eram realizadas em todos os dias da semana durante o verão, ainda estão suspensas — no lugar delas, há eventos online. Agora, com a reabertura das visitações, porém, os pequenos têm aparecido com frequência por ali, acompanhados de suas famílias.
Durante a visita da equipe de GZH ao Mucin, uma dupla de meninos, irmãos gêmeos, rodeava Cariane e lhe fazia tantas perguntas quanto a repórter. “Cadê o siri?”, “Essa tartaruga é de verdade?” e “Por que vocês não têm o casco da tartaruga-de-couro?” foram algumas delas. A saber: o siri estava escondido em algum canto dos aquários do museu, a tartaruga (da espécie tartaruga-de-couro) não era de verdade e o motivo de o casco dela não estar lá é porque ela não o tem. Em vez disso, o animal conta com uma carapaça composta por pequenos ossículos que não são queratinizados. Era dessa espécie a tartaruga que criou um ninho em Arroio do Sal no ano passado, evento considerado raro pelos biólogos.
Cada animal exposto no Mucin traz uma história para contar. O esqueleto da baleia jubarte, por exemplo, é fruto de um trabalho de quatro anos da equipe do local, composta por oito pessoas. O animal foi encontrado encalhado na praia, o que fez com que o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar, responsável pelo museu) organizasse uma grande operação de desencalhe. Terminado o trabalho, a baleia encalhou novamente no dia seguinte e os biólogos constataram que ela estava com algum problema de saúde. O cetáceo passou por eutanásia e ficou enterrado durante meses. Depois, uma empresa foi contratada para ajudar a equipe a remontar o esqueleto de 13 metros de extensão e, enfim, expô-lo.
Além das praias
Para além do trecho das praias, o Mucin mostra a diversidade natural de toda a região. A geografia é dividida em área urbana, onde estão as praias, cordão de lagoas (onde fica Osório, por exemplo) e montanhas (onde fica Maquiné e outras cidades). Onde estão as lagoas, aliás, há milhões de anos estava localizado o próprio mar. Conforme seu nível foi baixando, no entanto, estas bacias se mantiveram e acabaram se tornando locais de água doce.
Durante a pandemia, a equipe manteve atividades educativas online e se focou em preservar o acervo e estudar a coleção de espécies dos ecossistemas costeiros e marinhos. O local conta, por exemplo, com a maior coleção do mundo de pinguins-de-magalhães, espécie que costuma ser vista na região Sul da América do Sul. No Brasil, é mais comumente encontrada no Rio Grande do Sul.
O Mucin tem, ainda, um Centro de Reabilitação, para tratar de animais costeiros e marinhos encontrados na região. Sua população varia – no verão, costuma haver mais tartarugas, que precisam de mais calor e só conseguem circular pelas águas gaúchas em períodos mais quentes. No inverno, é a vez de pinguins e lobos marinhos, que vêm de regiões do Uruguai e da Argentina, em busca de uma temperatura mais amena no RS. Depois que se recuperam, são devolvidos aos seus habitats.
Visitação ao Museu de Ciências Naturais da UFRGS
- Horários: de terça a sexta-feira, das 8h30min às 17h e das 14h às 17h. Aos sábados, das 14h30min às 17h30min. Em janeiro e fevereiro, fica aberto também aos domingos.
- Ingresso: adultos pagam R$ 5,00 e estudantes pagam R$ 2,50. Idosos e crianças de até seis anos são isentos. Não são aceitos cartões.
- Agendamento: pode ser feito neste link.
- Endereço: Avenida Tramandaí, 976 – Imbé – RS