Alunos, professores e integrantes da comunidade acadêmica realizaram protesto contra a extinção da colônia de férias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) localizada em Tramandaí, no Litoral Norte. O ato começou por volta das 10h deste sábado (29) e reuniu cerca de 40 pessoas.
A manifestação ocorre após a divulgação da transferência de responsabilidade do prédio. Desde 2020, em razão da pandemia, o local está cedido para atividades de apoio ao Parque Científico e Tecnológico Zenit, de fomento de atividades de empreendedorismo e inovação da instituição.
No começo de janeiro, a Pró-Reitoria de Inovação e Relações Institucionais (Proir) enviou um ofício solicitando à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) para que essa ocupação se torne permanente. O setor aceitou o pedido e encaminhou a cedência do espaço ao Parque Zenit.
De acordo com manifestantes, contudo, a transferência foi feita sem diálogo com a comunidade acadêmica e de forma arbitrária. Além disso, alegam que ela pode impedir o processo de instalação e consolidação do Campus Litoral Norte (CLN) da UFRGS, localizado junto à RS-030, entre Tramandaí e Osório.
— São cerca de cem professores no Campus Litoral e todos têm pesquisa, extensão. Esse é um espaço para nos reunirmos, trabalharmos. Tornar esse um local que atende apenas ao parque tecnológico vai restringir o uso do prédio. Mas, usar esse espaço para as atividades do CLN faz parte de um processo de consolidação da UFRGS no Litoral, o que beneficia toda a comunidade daqui — explica a professora Sinthia Cristina Batista.
A colônia de férias, que fica em área nobre do município, a três quadras do mar, também serve para lazer e socialização de alunos e servidores da universidade.
A coordenadora-geral do Sindicato dos Técnicos-Administrativos da UFRGS, UFCSPA e IFRS (Assufrgs), Tamyres Filgueira, afirma ainda que a Proir "não deveria existir", já que sua criação não foi autorizada pelo Consun:
— Quando se cria ou extingue algum espaço dentro da universidade, isso precisa passar pelo Conselho Universitário, o que não ocorreu quando a Pró-Reitoria foi criada. A transferência do prédio também não passou pelo conselho. Ninguém da comunidade acadêmica foi consultado, nem a direção do Campus Litoral Norte. Há uma série de demandas que sequer foram consideradas antes de se tomar essa atitude, que é antidemocrática.
Na última semana, o Conselho Universitário (Consun), órgão máximo deliberativo da UFRGS, havia publicado uma moção expressando contrariedade com a mudança. O documento ainda defende que a decisão "afeta negativamente o processo de instalação e consolidação do Campus Litoral Norte (CLN) da UFRGS, na medida em que impossibilita a continuidade da utilização, por aquele campus, da estrutura da Colônia de Férias para atividades de ensino, pesquisa, extensão e assistência estudantil".
O que diz a UFRGS
De acordo com o pró-reitor de Inovação e Relações Institucionais, Geraldo Jotz, a transferência já está acertada e está em processo de formalização nos próximos dias. De acordo com ele, a transferência se dá para incentivar o empreendedorismo, com base em pesquisa, e não há nenhuma irregularidade.
— A UFRGS nunca teve um local de parque tecnológico, e agora terá. As atividades de pesquisa e extensão vão seguir, voltadas ao empreendedorismo e a inovação. Não há nada arbitrário. Queremos investir cada vez mais na atividade em prol da sociedade gaúcha.