Com 91 degraus distribuídos ao longo de 300 metros de passarela inclinada, a trilha do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Mampituba, a 200 quilômetros de Porto Alegre, exige fôlego e até algum preparo físico. A dedicação é válida. Feita em meio a um túnel de mata nativa, a caminhada ocorre na companhia de pássaros, cigarras e borboletas. Ao longe, apenas o som das águas do Rio Sangão margeando a trilha.
Inaugurado em 2015 na localidade de Vila Brocca, a três quilômetros da área central da cidade de 3 mil habitantes, o espaço de oração vem atraindo fiéis de diferentes partes da região, incluindo vizinhos catarinenses. Antes da pandemia de covid-19, pelo menos mil pessoas percorriam mensalmente a singular trilha. Hoje, o movimento reduziu, mas seguem as visitações. Inclusive, todo o trajeto está sinalizado, exigindo o uso de máscara e o distanciamento de dois metros entre as pessoas.
O único problema para chegar ao santuário é a falta de placas indicando o caminho a partir de Três Cachoeiras, pela RS-494, até passar pelo centro de Mampituba e seguir pela Estrada Geral – são cerca de três quilômetros de via sem asfalto até a entrada. No local, há uma indicação do início da travessia, que fica aberta durante 24 horas.
O acesso ao santuário é feito por uma passarela de madeira, suspensa em meio à floresta e com apoio dos dois lados. Duas torneiras com água potável, instaladas no início do trajeto, servem para os caminhantes abastecerem os cantis na ida e na volta.
O primeiro trecho, de 50 metros, é em linha reta, sob o túnel verde. No final dele, há um espaço de descanso ao lado do Sangão. Em junho de 2020, o local recebeu um segundo altar às margens do rio para facilitar o acesso a idosos e pessoas com deficiência.
Depois da primeira parada, bastam seis degraus espaçados para a subida ficar mais íngreme. Exatamente nesse trecho, há um segundo recuo com banco de madeira para o descanso dos mais exaustos. A partir daí, a dificuldade da trilha se intensifica.
Em alguns pontos, são 15 degraus na sequência e a sensação de quase cair para trás. É preciso segurar firme nos corrimãos. Até por isso, a prefeitura não recomenda fazer a trilha em dias de tempo instável ou logo depois de uma chuva. Por ser de madeira, o piso se torna escorregadio. Para facilitar a jornada, no caminho há madeiras salientes para segurar as passadas dos caminhantes mais distraídos. Pelo trecho, placas identificam as árvores existentes no santuário. Há tanheiros, maricás e outras tantas.
Depois de quase 90 degraus, a trilha se divide. À direita, o trilheiro começa uma descida, também íngreme, e vai direto ao local onde está a imagem da santa, na encosta de um paredão, e há um espaço onde os devotos podem acender velas. Abaixo do altar estão as placas de agradecimento a pedidos alcançados e bilhetes deixados por fiéis. Próximo dali estão os paredões de arenito botucatu.
Quem decide seguir à esquerda da trilha continuará subindo mais cerca de 50 metros. E vale a pena, pois o cenário a partir do mirante é especial. Do ponto mais alto é possível avistar o Rio Mampituba, os cânions da Serra Geral e os vales do Rio de Dentro e da Pedra Branca. O local serve também para o caminhante retomar a energia. Afinal, a descida na volta costuma ser ainda mais intensa.
O Santuário de Nossa Senhora Aparecida
- Fica na Estrada Geral, próximo à ponte do Rio Sangão, a três quilômetros do centro de Mampituba
- Aberto 24 horas
- O nível de dificuldade na subida é considerado médio
- Não é aconselhado subir logo depois de uma chuva ou em dias chuvosos, pois o piso fica escorregadio
- Evite sapatos com solado liso
Mampituba
- Tem cerca de 3 mil habitantes
- Está na divisa com Santa Catarina
- Fica a 200 quilômetros de Porto Alegre e a 42 quilômetros de Torres
- A agricultura é a principal atividade econômica, baseada no cultivo de banana, arroz, fumo, criação de gado e hortifrutigranjeiros
- Além do santuário, o município tem atrativos como a Cascata dos Borges, a Cascata do Silveirão e pelo menos seis trilhas indicadas