Falar da beira da praia é falar, por extensão, de milho verde. Acompanhada de sal e manteiga, a espiga de milho é popular há anos em quiosques de todo o Litoral Norte. Mas uma versão "menos raiz" tem aparecido com força nesta temporada: o milho no copo.
O preparo é simples: os grãos são retirados da espiga e colocados em um copo plástico, com os mesmos sal e manteiga, usados na versão tradicional. Uma colher plástica completa o kit. No entanto, por exigir mais tempo, a versão moderna — também chamada de milho debulhado — costuma ser mais cara.
— Mesmo assim a gente tem vendido mais do que o tradicional. Já tem desde o ano passado, mas esse ano é que começou a bombar — conta o atendente Claiton Vargas da Silva, 34 anos.
Claiton trabalha há quatro anos no Quiosque da Tereza, em Capão da Canoa. No local, o milho tradicional custa R$ 5, enquanto o debulhado, R$ 6.
GaúchaZH circulou pela beira da praia de Capão da Canoa por volta do meio-dia deste sábado (15). Na areia, era possível ver banhistas consumindo as versões — mas a mais recente chama a atenção pela rápida popularização.
— Eu conheci essa novidade só neste ano. É melhor por causa da praticidade. A gente não fica todo sujo. Mas o copinho sempre vai para o lixo depois — conta o militar do Exército João Marcos Aguirre, 51 anos, de Santa Maria.
A facilidade é apontada como um dos principais "trunfos" do milho no copo. Por este motivo, segundo Régis da Silva Inácio, 37, a versão tem se popularizado.
— Facilita muito para pessoas mais velhas e para crianças, e também para quem tem aparelho nos dentes. Mas, neste ano, todo mundo está pedindo — relata o dono do Quiosque do Régis, onde a versão no copo custa R$ 7, R$ 2 a mais do que a espiga.
Marla Kroth, 30, opta pelo milho no copo para servir a filha, Aurora, de um ano e meio. Para a moradora de Passo do Sobrado, este é o único jeito de dar o alimento à menina:
— Se não for assim, não tem como. Ela não consegue morder ou cai na areia. Acho que é uma boa opção pra ela — explica a gerente de fábrica.
Mas há quem não aprove a versão moderna do alimento. Entre os argumentos contrários, estão a perda da "essência raiz" e o uso desnecessário de plástico, que tem sido alvo de muitas campanhas de conscientização:
— Prefiro ele do jeito tradicional. Natural, só com sal e na espiga. Acho mais gostoso. O milho no copo não tem graça nenhuma — brinca a pecuarista Maria Isabel Osório, 59, de São Gabriel.
A professora Camila Maria Piccoli, 30, moradora de Farroupilha, concorda:
— O atendente até me ofereceu o milho no copo, mas eu prefiro o normal, mais tradicional. Pensando no meio ambiente, não faz sentido gastar plástico para isso. Além de "raiz", é mais ecologicamente correto.
Seja na versão tradicional ou moderna, os veranistas, pelo menos, concordam em uma coisa: o milho verde continua sendo o alimento queridinho de quem está na beira da praia.