A maré alta e o vento provocaram a queda de guaritas dos salva-vidas neste domingo em Arroio do Sal, no Litoral Norte. O último incidente ocorreu no final da manhã de hoje na guarita 37.
Segundo bombeiros, a água danificou as madeiras de sustentação da guarita, que tombou. Quatro guarda-vidas estavam trabalhando no momento do incidente, mas nenhum deles ficou ferido. Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Arroio do Sal, tenente Fabiano Pereira, quatro guaritas caíram na região.
— A 37 caiu no fim da manhã, com gente dentro. Outras três guaritas também não aguentaram a força da água. Desde sexta-feira o vento sul tem deixado a maré alta — comentou.
Além da 37, as guaritas 26, 29 e 31 também foram destruídas durante a noite. Na tarde deste domingo (23), banhistas ajudaram a carregar a guarita 37 para um local mais seguro, evitando que as madeiras fossem arrastadas para a água.
Em Pinhal, guaritas de concreto foram abandonadas
Conforme o Corpo de Bombeiros, algumas estruturas de concreto em Balneário Pinhal tiveram que ser abandonadas devido ao risco de queda. Três guaritas tiveram o solo ao redor engolido pela água, deixando expostas as bases de concreto que antes da ressaca ficavam enterradas na areia.
Na guarita 198, o mar avançou mais de 150 m sobre a areia na madrugada de sábado, engolindo a orla durante quase todo o dia. A estrutura precisou ser interditada e os guarda-vidas Leonardo de Jesus, 20 anos, e Renato Meireles, 24 anos, mudaram o local de apoio aos banhistas para cima de um cômoro de areia próximo à 198.
— A guarita ficava a cerca de 50 metros da água. Agora, está dentro do mar. Os quatros pilares estão com 1,10m a mais aparecendo — comentou Meireles, antes de alertar uma criança para sair de cima da parte exposta.
Na 201, o guarda-vidas Guilherme Marqueti, 25 anos, não trabalha nela desde sexta. Com a força da água, o deque de madeira em frente à parte de concreto caiu, obrigando Marqueti a se abrigar num comércio próximo.
A outra guarita atingida foi a 206, onde os pilares ficaram mais 90 cm expostos depois da ressaca.
Em Quintão, guaritas também foram danificadas. Conforme o major Isandre Antunes, chefe da Assessoria de Operações e Defesa Civil do Corpo de Bombeiros Militar, as guaritas não serão repostas imediatamente. O conserto e a reposição serão tratados com as prefeituras locais.
Em Torres, quiosques na beira da praia foram arrastados devido a água e houve danos a estruturas na Avenida Beira-Mar, próximo à rua Leonardo Truda, na Praia Grande. Banheiros químicos tombaram.
Segundo o coronel Cláudio Morais Soares, comandante do 9⁰ Batalhão de Bombeiros, coordenador da Operação Verão do Litoral Norte, as condições chamam atenção, mas não são extremas.
— Particularmente, eu não tinha visto essa condição assim, por conta do vento e da corrente. Mas não dá pra considerar uma situação extrema. Ressacas já tivemos maiores recentemente. É uma maré forte com danos.
A forte ressaca que atinge o litoral gaúcho é provocada por um ciclone extratropical, segundo o geógrafo, mestre em Geociências e com doutorado em Climatologia e Mudanças Climáticas entre a Antártica e o sul do Brasil, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Francisco Aquino.
Aquino explica que a também chamada ciclogênese se formou no dia 20 de fevereiro, chegando à costa gaúcha. Conta que eventos semelhantes, mas que provocaram tempestades, vêm ocorrendo desde janeiro em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.