O veranista que caminha nas praias do litoral gaúcho percebe uma novidade nesta temporada: bandeiras bicolores fincadas na areia, em distâncias simétricas, de ambos os lados das guaritas dos guarda-vidas. Anunciado no final de novembro, o "banho entre bandeiras" entrou em prática na semana do Natal de 2019 em toda a costa gaúcha e tem como objetivo delimitar a área de atuação dos profissionais de salvamento, tornando mais ágil o processo de resgate.
— Nada pode acontecer nesse raio em que o nosso guarda-vidas atua. É a obrigação dele, que está 100% concentrado para prevenir e atuar com rapidez quando necessário — define o tenente Fernando Dutra do Nascimento, comandante dos guarda-vidas de Xangri-Lá.
As bandeiras tem as cores vermelho e amarelo, o brasão do Corpo de Bombeiros militares e os dizeres "banho seguro entre bandeiras". O local em que são instaladas varia conforme as condições do mar.
Em dias de águas menos agitadas - com bandeira verde -, a área de delimitação do banho é de 300 metros (150 metros para a direita e 150 para a esquerda de cada guarita). Com bandeira amarela, essa distância é reduzida para 200 metros (100 para cada lado) e, quando a bandeira está vermelha, a área cai para 100 metros (50 para cada lado).
O banhista que precisar de salvamento fora dessa área será atendido. Porém, segundo o tenente Fernando, o tempo de resposta será maior.
Banhistas estão se adaptando à novidade
Com sol e mar de temperatura agradável, alguns banhistas que lotaram a praia de Capão da Canoa na tarde desta segunda-feira (6) demonstraram desconhecimento sobre a nova sinalização.
— Não cheguei a receber explicações sobre (as bandeiras). Eu vi, mas tô sabendo por vocês para que serve — afirma a comerciante Rute Oppliger, 37 anos, que tomava banho de sol no limite da área delimitada.
Em sua primeira experiência no mar, Arthur Klassmann, 5 anos, nadava em uma boia, amparado pelos pais, Elicelia e Aldair.
— Pra nós é uma segurança a mais. Mesmo com os alertas todos, a gente ainda vê crianças sozinhas correndo na areia — adverte a auxiliar de serviços gerais.
Brincando com o pequeno Henrique, de 4 anos, em uma área de água rasa, a representante comercial Sabrina Souza, 31 anos, acha positiva a iniciativa:
— Quanto mais placas melhor, seja para o banho ou para alertar das águas vivas.
O coordenador da Operação Verão no Litoral Norte, major Claudio Morais, afirma que panfletos com orientações sobre a delimitação no mar estão sendo distribuídos nos pedágios da freeway, em parceria com a concessionária CCR Via Sul, e que há campanha também nas redes sociais da corporação.
— Nosso mar nunca é igual de um dia para o outro, tem que haver prevenção. E o banhista precisa mudar a cultura de entrar na água perto da rua onde mora ou em algum local distante, e passar a ficar mais perto da guarita — avalia.
Avaliação pelos guarda-vidas é positiva
Apesar de ser fácil encontrar banhistas fora da área monitorada, o responsável pelas operações de salvamento, o major Isandré Antunes, afirma que o saldo das duas semanas com a nova sinalização é positivo.
— Os números mostram isso. Foram 134 pessoas resgatadas esse verão, contra 141 no mesmo período do ano anterior, que teve chuva no feriado, então a avaliação é ainda mais positiva — estima, sobre o comparativo de 21/12 e 5/01 de 2018 e de 2019.
As bandeiras foram instaladas em todas as 242 guaritas da costa gaúcha - 212 no litoral norte e 30 no litoral sul - garante o major.
Dentre os salvamentos, um número preocupa os militares: a reincidência nos afogamentos de pessoas alcoolizadas.
— Alcoolizada, ela confunde perigo com coragem. Ao invés de ter cautela, se aventura, e não tem condição física pra saída do mar. Praticamente todos acima de 40 anos que salvamos estavam nessa condição — finaliza o major Antunes.