Praia lembra sol, calor, mar e areia. Mas quando o tempo não está convidativo para a beira-mar, o que fazer? Compras, jogo de cartas, chimarrão, bocha, futebol na areia e um bom café são algumas das pedidas quando São Pedro não colabora.
Nesta quinta-feira (17), o tempo em Capão da Canoa mesclava céu nublado e pancadas de chuva. Apesar do cenário, o ex-jogador do Grêmio Adriano Neves Pereira, o Adriano Chuva, 39 anos, não saiu da areia: deu aulas de futebol lá mesmo. Ele tem uma escolinha no município há dois anos, mas a chuva alagou o gramado do estádio onde ele e sua turma costumam treinar.
A maioria dos alunos é formada por moradores do Litoral Norte, mas há veranistas que se matriculam para treinar durante a temporada.
— Ficar em casa durante dois meses de férias não dá. Os meninos vêm pra cá jogar — explica Adriano.
João Pedro Delfino Neto, 11 anos, foi o segundo goleiro menos vazado de um campeonato entre escolinhas de futebol do Estado, de acordo com Adriano.
— Faz um ano e três meses que estou na escolinha. Eu gosto de jogar futebol, mesmo quando chove — diz o garoto, que chamava a atenção pelas defesas.
Francisco Pereira Neto, 70 anos, o Professor Chico, trabalha com escolinhas há cerca de 30 anos e garante que tempo feio não significa menos gente jogando. Há quem chegue de longe e faça questão de treinar futebol durante o veraneio. É o caso de Octávio Gabriel Crespim Bermudez, 10 anos, morador de Uruguaiana.
— Eu gosto de jogar mesmo com o tempo feio. Eu me divirto assim — conta o menino, após um gol.
Quiosques e barracas que alugam cadeiras e guarda-sóis acabam ficando no prejuízo quando o aguaceiro chega.
— Em dia de chuva, o nosso movimento cai 90% — conta João Irani Teixeira de Barros, 65 anos, que trabalha no ramo há 35 anos.
Na manhã de ontem, as cinco barracas montadas na areia por ele, seus familiares e funcionários estavam vazias. As cadeiras para alugar também estavam amontoadas ao lado do quiosque, à espera dos veranistas.
— A gente torce para que não chova — diz Barros.
Mas há quem resista ao tempo feio e à chuva à beira-mar. Para alguns, o mar e a areia são sagrados. Que o diga o professor Sandro Ergang, 52 anos, que passava protetor solar embaixo de um guarda-sol. Acompanhado da família, de Três de Maio, ele diz que vai à praia independentemente do clima.
— Se não chover muito forte, eu fico na beira da praia mesmo assim. Aqui é bom, tem uma brisa. No apartamento, é quente — ressalta o professor, ao elogiar a estrutura de Capão da Canoa que, segundo ele, oferece muitas outras opções além do mar e da areia.
A bocha também aparece como alternativa de muitos veranistas quando o tempo fecha. As canchas cobertas na beira da praia sempre têm bom movimento, mas, em dias carrancudos, ainda mais, garante o empresário de Nova Bassano Jairo Sotoriva, 58 anos:
— A gente chega a esperar uma hora e meia para jogar em dias de chuva, de tanta gente.
Gelson Segatto, 45 anos, morador de Vitória das Missões, distante 570 quilômetros de Capão Canoa, fazia parte de um quarteto que se divertia com o esporte.
— O tempo ficou feio e decidi vir para a bocha. Quando chove forte, gosto de jogar vôlei no pátio de casa — relata Segatto.
Nas canchas cobertas, não há quem não conheça o aposentado Valdomiro Fraga, 74 anos.
— Eu mais bato papo do que jogo, mas sou um grande jogador de bocha. Já fui até campeão. Eu tenho apartamento aqui. Se não tivesse a bocha, eu nem viria para a praia — diz o morador da cidade de Santa Maria.
Shopping e lojas de rua viram atrativos
Os moradores de Dom Pedrito Lizandra e Lucas Friederich passeavam ontem pelo centro de Capão da Canoa, parando de loja em loja. A visita ao comércio foi opção ao dia com tempo fechado.
— Procuramos conhecer mais a cidade quando não vamos para a praia. Além das ruas principais, gostamos de conhecer outros lugares e restaurantes — diz Lizandra, 27 anos.
Se os comerciantes da beira da praia reclamam do tempo feio, quem está no centro comemora.
— Quando chove, aumenta o movimento de compras — relata Júlio César Bressiani, 36 anos, afirmando que os baralhos são itens de primeira hora quando a beira de praia é preterida.
Muita gente fica ainda nas sacadas das casas e apartamentos tomando o bom e tradicional chimarrão. Restaurantes, bares e cafés também lotam em dias chuvosos. Gislaine Paz da Rosa é proprietária de um dos cafés mais procurados de Capão da Canoa.
— Os dias de chuva agregam bastante. As pessoas fogem dos apartamentos. Elas não vêm para a praia para ficar enjauladas — brinca a dona do empreendimento que fica em frente à conhecida Praça do Minigolfe.