Qual a diferença entre boto e golfinho? Como eles dormem? Como enxergam debaixo d'água? Como as fêmeas amamentam os filhotes? O que é pesca cooperativa? Com essas e outras perguntas foi aberta, na última terça-feira (8), a programação de verão do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ceclimar/UFRGS), em Imbé. A oficina, que abordou o projeto Botos da Barra, foi a primeira das mais de 10 previstas para ocorrerem ao longo do veraneio.
Para um público de mais de 80 pessoas, entre crianças e adultos, a dupla de estudantes do curso de Biologia Marinha Keila Menger e Kevin Christmann apresentou as principais características desses cetáceos e ainda mostrou algumas curiosidades.
— Na Barra, tem boto ou golfinho? — questionaram os palestrantes, referindo-se aos animais que vivem nessa região que tem mar e rio, em Imbé.
Palpites não faltaram, até Keila trazer a resposta definitiva:
— É a mesma coisa. Tem diferença dizer cão ou cachorro?
Com olhos vidrados nas projeções feitas na parede, a turma exclamou, em coro, um forte "Ohhhhh" quando as imagens mostraram o nascimento de um animal.
— Se eles são mamíferos, eles mamam. Mas a gente pode ordenhar golfinho? — perguntou Christmann.
Ainda diante dos olhares cheios de dúvidas, o estudante explica como os filhotes se alimentam:
— O leite dos golfinhos é gorduroso e não se mistura na água. Então, a fêmea larga ele através das fendas mamárias e o bebê toma.
A oficina busca plantar a sementinha da educação ambiental nos pequenos. Para isso, além de pincelar alguns aspectos referentes ao lixo que produzimos e os problemas que o uso indevido de motos aquáticas podem acarretar, Keila e Christmann abordaram o importante papel que os botos têm na pesca artesanal nos municípios de Imbé e Tramandaí.
Existente há mais de 50 anos, a pesca cooperativa consiste na interação entre animais e pescadores e é considerada bastante rara. Hoje, só existe no Rio Tramandaí e em Laguna, em Santa Catarina. Através de sinais com a cabeça ou a cauda, os cetáceos indicam aos pescadores a localização do cardume e o momento certeiro para jogar a tarrafa.
Desse convívio saudável, nasceu uma relação que se perpetua há anos em ambas as espécies. O vínculo é tamanho que os pescadores chegam a nomear os parceiros aquáticos. Alguns dos botos mais famosos são a Geraldona, o Catatau e o Chiquinho.
Keila contou que, como não é possível identificar o sexo dos animais, por anos, Geraldona se chamava Geraldão. Apenas depois de ter um filhote é que a equipe que acompanha e pesquisa esses animais conseguiu cravar que se tratava de uma fêmea.
— Vimos ela andando com um filhote ao lado. É dessa forma que identificamos as fêmeas — completou Christmann.
Aprendizado em família
Na companhia da mãe, Josiane Paz, do irmão, Kaio, e do primo, Lucas, a menina Maya, 11 anos, estava empolgada com o que viu e ainda olhava curiosa o esqueleto de um boto exposto em uma mesa no centro da sala.
— Aprendi muita coisa: eles são diferentes das baleias e ajudam os pescadores — contou a moradora de Imbé.
— Muito legal aprender sobre os animais do mar — comemorou o primo de Maya, Lucas Castilhos, 10 anos, que pretende participar de todas as demais aulas oferecidas ao longo do verão. — Aprendi a lição: não jogar lixo na água por que os bichos moram nela.
Programe-se
- As oficinas são gratuitas e ocorrem todas as terças-feiras e quintas-feiras de janeiro e fevereiro, às 15h.
- Local: Ceclimar, na Avenida Tramandaí, 976, em Imbé
- Informações: (51) 3627-1309
Próximas oficinas
- 15/1: A caminhada da evolução
- 17/1: Conchas da praia
- 22/1: Lobos Marinhos, moradores do nosso Litoral
Os abundantes invertebrados
Além da programação de verão, o Ceclimar abriu as portas, na última semana, para uma exposição sobre os invertebrados presentes nos ecossistemas costeiros.
— São animais mais desprezados, mas são muito abundantes e têm papel importante no ecossistema — diz a professora Carla Ozório, curadora da mostra.
Com duração de um ano, a exposição explica um pouco mais sobre a vida dos moluscos, corais, esponjas marinhas, estrelas-do-mar e das tão faladas águas-vivas. Visitação no Mucin (Avenida Tramandaí, 976, em Imbé), de terça a sexta, das 8h30min às 11h30min e das 14h às 17h; sábados e domingos, das 14h30min às 17h30min. Ingressos a R$ 5 para adultos e R$ 2,50 para estudantes. Crianças até seis anos e idosos com mais de 60 não pagam.