À espera de Daniel
Dançando animada na beira do mar em Imbé, Janice Rodrigues, 39 anos, embala consigo a novidade de 2019: Daniel, seu terceiro filho, que pode nascer a qualquer momento – ela está fechando o nono mês de gestação. Em seguida, caminha para a mesa com guarda-sol, onde aguarda, sorridente, o companheiro e pai do bebê, Felipe Daniel da Rocha, 24.
Topam falar sobre os desejos para ano que vem?
— Ihhh! Tenho muitos — avisa a cabeleireira de Campo Bom. — Muita paz. Esse ano foi turbulento. Também desejo fortuna, alegria e amor, que estamos precisando muito.
O papai, faceiro, só pensa no filhote:
— Que ele nos traga muita felicidade em 2019!
"Sorte" para Grêmio e Inter
De longe, o chapéu de palha, estilo caubói, saltou aos olhos. Sentados à sombra de um guarda-sol, o casal Zonta e Paulo Roberto Galdino, ambos com 74 anos, curtiam o último domingo de 2018 na praia que já é quase moradia – com horta e tudo, em uma avenida de Imbé.
De mãos sempre dadas, a dupla, casada há 55 anos, contou que veraneia na praia há 54 e, hoje, mais vive aqui do que em qualquer outro lugar.
— Temos um sítio em Morungava. Vou para lá, trabalho dois dias e volto — diz o marido.
Pais, avós e já bisavós, eles se dedicam à praia e às crianças. Zonta pede:
— Que a violência diminua, até aqui em Imbé tem casos de arrombamento de casas agora. E que o novo presidente dê certo. Estou com muita esperança.
O parceiro de vida completa:
— Quero que Grêmio e Inter se deem bem na Libertadores. Quero que o Grêmio seja vice!
Que venham as aulas de patins
Sentada na areia com baldes e pás em punho, Júlia Di Mare Arbo Selhane Pinho, seis anos, constrói um castelo.
— Ainda não sei como será, mas aqui é um rio — informa.
Vestindo maiô listrado, trança no cabelo, óculos escuros e boné virado para o lado, a aspirante a youtuber conta que ainda não sabe exatamente os rumos que seu canal vai tomar, mas que, até agora, já publicou dois vídeos: um sobre doces e travessuras, em alusão ao Halloween, e outro sobre brincadeiras.
Fã da série Sou Luna, disponível na Netflix, a pequena quer aprender a andar de patins, assim como os personagens da atração. O equipamento ela já tem.
— Em 2019, quero ter aulas — diz Júlia. — E também queria uma loja de brinquedos inteira para mim.
Muito trabalho, muita alegria
Adilson de Moraes Nunes, 21 anos, corre com a máquina de cartão para trás do quiosque procurando sinal de internet. Ouve um colega chamar seu nome e sai correndo de novo, surgindo em outro canto com cordas e um martelo para fixar o guarda-sol do cliente na areia. Quando parece que vai parar para responder a pergunta da repórter, é chamado por outra cliente e se apressa para anotar o pedido.
Adilson é garçom de areia de dia e garçom de restaurante de noite, em Capão da Canoa. Fora da temporada, trabalha como pintor. Faz tudo pela família: já é pai da Maria Luiza, de dois anos, e do Bernardo, de um aninho.
Em 2019, não quer desacelerar o passo. Pelo contrário:
— Que tenha bastante serviço, bastante trabalho. Por causa deles (dos filhos), tenho que correr atrás do dinheiro. Quero que eles sejam felizes, o que eu puder dar de melhor para eles, vou fazer. Diz que a lua é minguante, não pode pedir muitas coisas. Foi o que eu ouvi. Mas quero alegria. Já estou sempre com um sorriso no rosto. O cliente, eu acho, gosta disso.
Paz para todas as pessoas
Maria da Graça Dose Pires, 69 anos, leva para a praia uma cadeira, uma esteira, um guarda-sol, seu almoço (salada) e lanche da tarde (frutas), o livro O Dilema do Porco Espinho, do Leandro Karnal, um outro de palavras cruzadas, o chimarrão, a térmica, água gelada e também uma cervejinha, mantida em uma bolsa térmica.
É que ela gosta de estar preparada. A mãe, alemã, ensinou que primeiro precisava estudar, depois arranjar um bom emprego, daí construir uma casa – "e depois, se dobrar a esquina, um marido se acha". Parou de trabalhar em 2009 (foi bancária e psicóloga) e mudou-se para Capão da Canoa, onde vive uma aposentadoria tranquila. E o que espera de 2019?
— Eu não espero absolutamente nada. Porque eu não dependo de nada, sou aposentada, tenho aposentadoria do INSS, uma mixaria, mas, graças a Deus, eu fiz uma particular (previdência privada). Participo do grupo da maturidade ativa, sou membro do coral Vovó Legal, sou membro de um clube, então, tenho uma vida tranquila. Não tenho problemas com os filhos, viajo para ver meus netos. Eu só quero paz para todas as pessoas. Porque vejo tanto ódio, tanto da direta quanto da esquerda.
Escola, futebol, esconde-esconde...
Gabriel Oliveira Rodrigues, nove anos, não dá a mínima para a cor da água: o guri de Frederico Westphalen se lança, sem parar para pegar fôlego, em uma onda após a outra. Estava animado por inaugurar, mesmo que no mar chocolatão de Capão da Canoa, a prancha bodyboard que comprou com um dinheirinho do Natal. E quer atravessar 2019 assim: brincando e "deixando a vida levar":
— Quero ir bem na escola. Tenho que melhorar em português, em educação física estou bem. Iria gostar de entrar em uma escola de futebol. Sou atacante. E colorado. Gosto de mexer no celular, de andar de bicicleta. Quero brincar bastante. De que? Esconde-esconde. E quero fazer novas amizades.