Enquanto milhares de pessoas saem no verão da Região Metropolitana pela freeway em busca do sol, da areia e do mar das praias do Litoral Norte, ZH traçou o caminho oposto. Nossa equipe da cobertura de praia pegou a ERS-030 e partiu rumo a Osório para opções de lazer e gastronomia diferenciados. Confira abaixo.
Bons ventos e boas paisagens
Saindo de Tramandaí, basta pegar a ERS-030 e andar pouco mais de 20 quilômetros até chegar em Osório. Pela freeway, basta seguir reto pela BR-101. Emancipado da vizinha Santo Antônio da Patrulha em 1857, o município tem cerca de 40 mil habitantes e está situada em uma área nobre que contempla serra, lagoas e mar. Para quem não sabe, boa parte das praias do Litoral Norte pertenciam ao município até 1870, quando começaram a se emancipar. Hoje seguem como território osoriense Atlântida Sul e Mariápolis.
Lagoas são um programa à parte
Na cidade estão localizadas 23 lagoas que formam uma rede que vai até Torres. A maior delas é a dos Barros, que pode ser vista da freeway e guarda uma porção de lendas em suas águas. Ainda dá para aproveitar a da Pinguela e do Peixoto. A do Marcelino, antigo porto que recebia cargas vindas de Torres e redistribuía por vias férreas até o desembarque final, em Porto Alegre, não é própria para banho, pois todo o esgoto do município é despejado ali.
– Estamos com a estação de tratamento pronta desde 2014, mas um impasse judicial impede seu funcionamento – lamenta o secretário.
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Se com os pés no chão Osório é encantadora, a experiência se torna deslumbrante quando eles não alcançam o solo. Por lá, é possível fazer uma visita ao Aeroclube Planadores Albatroz, escola que forma pilotos e instrutores, e oferece voos panorâmicos para turistas. O passeio a bordo de uma aeronave sem motor dura entre 15 e 20 minutos e, claro, só sai dependendo das condições climáticas. Nosso repórter fotográfico Marcelo Carôllo planou sobre o município junto do recordista brasileiro de permanência no ar, Leandro da Silva, que voou por 13 horas e 18 minutos em novembro do ano passado. Leia abaixo o relato:
"À primeira vista, o cockpit do planador parece pequeno, desconfortável. As instruções de segurança assustam: para-quedas, trava de segurança, alavanca para ejetar... Todas as preocupações desaparecem assim que o pequeno avião sai do chão de terra.
Carregado por um avião rebocador, o planador faz da decolagem um processo suave, que nada lembra qualquer voo em aeronaves comerciais. Os primeiros minutos de passeio são ainda ligados ao avião motorizado que, com uma corda, puxa o outro até alturas que chegam a 850 metros. Lá em cima o piloto instrui: "Pode puxar a alavanca amarela". Alavanca puxada, o planador se desprende de seu rebocador e inicia seu voo solo.
Do alto é possível ver montanhas, o conjunto de lagoas de Osório, em uma paisagem em diversos tons de azul e verde que chegam até Tramandaí. A vista espetacular é emoldurada pelas janelas do avião sem motor, que segue seu voo leve, sem ruídos, sem turbulências, planando suavemente pelo céu a uma velocidade de aproximadamente 80 km/h.
Em dias de tempo bom, o passeio pelos ares pode chegar a até meia-hora. Trinta minutos de voo tranquilo em uma paisagem capaz de espantar qualquer temor logo de cara".
Conhecida como a Terra dos Bons Ventos, Osório ainda abriga o segundo maior parque eólico da América Latina. São 148 aerogeradores de três gerações. Nos últimos 12 meses completados em outubro de 2016, o parque de Osório e de Palmares do Sul, juntos, produziram mais de um milhão de megawatts/hora, o suficiente para abastecer por um ano 1,75 milhão de pessoas. O maior equipamento mede 108 metros, o equivalente a um prédio com mais de 30 andares, com 82 e 92 metros de diâmetro entre as pás. Uma estrutura completa para receber turistas foi montada no parque. No espaço, há uma sala que exibe vídeos e curiosidades sobre este tipo de energia e um mirante, de onde dá para avistar os "cata-ventos" até perder de vista. Este passeio ainda não foi aberto ao público, o que deve acontecer ainda no primeiro semestre.
As delícias da Borússia
Outra atração de encher os olhos dos visitantes é o mirante do Morro da Borússia. Atravessando a BR-101, ingressa-se em uma estrada que leva até local. O primeiro, situado ao lado do restaurante À Lenha, passa por reformas. Mesmo assim, subindo o prédio novo que foi erguido ali, dá para ver todo o município e suas belas lagoas. Alguns metros mais acima, há outro ponto usado por turistas, apesar de, originalmente ter sido construído para a prática de voos livres.
Para reabastecer as energias entre um passeio e outro, uma boa pedida é almoçar no tradicional Restaurante do Dodô, que serve um buffet de comidinhas caseiras em panelas de ferro, acompanhado de linguiça com queijo servida à mesa e complementado por uma ilha de sobremesas divinas. Para arrematar, um café passado na hora pelo proprietário, o Dodô, servido em uma canequinha esmaltada. Tirando a orgia gastronômica, vale ressaltar que o lugar tem decoração rústica com bicicletas penduradas, máquinas antigas de moer grãos de café e rádios do século passado são os principais adornos. Antes de ir embora, a dica é visitar o banheiro. Na porta de cada um, o masculino e o feminino, há aparelhos de fax – uma piada antiga – e mais objetos inusitados que não terão "spoiler".
Serviço
Aeroclube Planadores Albatroz
Informações pelo telefone: (51) 3663- 2316
Site: http://www.albatroz.com.br/
Parque Eólico
Informações pelo telefone: (51) 2118-5800
Restaurante do Dodô
Informações pelo telefone: (51) 99877-6206
Site: http://www.restaurantedodo.com.br/