O padre e intelectual peruano Gustavo Gutiérrez morreu na terça-feira (22) aos 96 anos em Lima, informou a ordem religiosa que integrava desde 2001. Ele é considerado o pai da Teologia da Libertação, movimento cristão voltado para a dignidade dos pobres.
Gutiérrez nasceu em Lima em 8 de junho de 1928 e foi uma das figuras mais influentes no âmbito teológico e social da América Latina. Ele foi considerado o criador da Teologia da Libertação, voltada aos pobres e que teve grande repercussão política em toda a região.
O religioso recebeu vários títulos honorários e prêmios em todo o mundo, também foi professor na Pontifícia Universidade do Peru e em diversas instituições de Ensino Superior americanas e europeias.
Sua corrente de pensamento foi parte de um movimento sociopolítico mais amplo em um período em que a América Latina estava dividida por desigualdades ainda mais profundas que as atuais.
Homenagens serão realizadas
A ordem dominicana no Peru anunciou que nos próximos dias serão celebradas missas em homenagem a Gutiérrez e uma cerimônia na Basílica de Santo Domingo, em Lima.
O velório acontecerá a partir da noite desta quarta-feira (23) em um salão da comunidade dos dominicanos de Lima.
"A Província Dominicana de São João Batista do Peru lamenta informar que no hoje, 22 de outubro de 2024, partiu para a Casa do Pai o nosso querido irmão Gustavo Gutiérrez Merino", anunciou a ordem religiosa na rede social Facebook.
"Pedimos suas orações para que nosso querido irmão desfrute da vida eterna", acrescentou a ordem.
O Instituto Bartolomé de las Casas, criado pelo teólogo em 1974, confirmou a morte:
"Com profunda dor, comunicamos que nosso querido amigo e fundador Gustavo Gutiérrez partiu esta noite", afirmou na rede social X a organização interdisciplinar de atendimento aos mais necessitados.
Reconhecimento do Papa
Em 2018, o papa Francisco reconheceu a contribuição de Gutiérrez para a Igreja e a humanidade. O pontífice enviou uma carta ao peruano por ocasião de seu aniversário de 90 anos, na qual agradecia o "serviço teológico" e o seu amor pelos pobres e pelos excluídos da sociedade, recordou o jornal Peru 21.
"Neste momento significativo da sua vida, uno-me a sua ação de graças a Deus, e também agradeço pelo quanto contribuiu para a Igreja e para a humanidade, por todos os seus esforços e por sua forma de interpelar a consciência de cada um, para que ninguém fique indiferente diante do drama da pobreza e da exclusão", escreveu então o pontífice.
Defensor incansável dos pobres
O cardeal Carlos Castillo recordou que Gutiérrez "foi um defensor incansável da opção preferencial pelos pobres, frase que ele cunhou e que foi integrada ao Magistério da Igreja como caminho fundamental de fé". A Associação Pró Direitos Humanos (Aprodeh) destacou que o pensamento crítico e o compromisso do também filósofo com os mais vulneráveis foram uma inspiração constante para o trabalho da entidade.
"Agradecemos sua grande contribuição à construção de uma sociedade mais justa. Seu legado viverá para sempre", afirmou a Aprodeh.