Numa das movimentadas esquinas do bairro Vicentina, em São Leopoldo, uma faixa estendida dá um aviso importante. Ainda mais para quem procura comércios abertos em pontos atingidos pela enchente de maio no Estado. O cartaz estendido anuncia: "Estamos atendendo".
O aviso ainda é acompanhado de um desenho que simboliza o momento que o Estado atravessa. A bandeira do Rio Grande do Sul envolta num coração, um dos símbolos da persistência do povo gaúcho em retomar a normalidade depois do desastre climático que assolou o sul do país.
Atividade
O comércio que a faixa avisa estar em pleno funcionamento é a farmácia de Adriano Mengue, 28 anos. Ele administra o negócio junto da mãe, Adriana Mengue, 54 anos. Os mais de 30 dias em que o espaço ficou submerso causaram estragos em grande parte do estoque e da mobília. O trabalho de retomada foi árduo, principalmente na reconstrução interna dos expositores de medicamentos. Mas assim que foi possível iniciar essa retomada, os comerciantes não pensaram duas vezes.
— A água ainda não tinha baixado completamente e eu já estava chamando profissional para orçar as novas prateleiras — recorda Adriano.
Assim que o chão secou, a família que administra o negócio partiu para as etapas de limpeza e reorganização dos estoques. Adriano recorda que conseguiu tirar parte dos itens antes da água subir. Mas não levou tudo, pois não esperava que o alagamento atingisse o nível ao qual chegou.
— Assim que começamos a organizar, chegavam clientes perguntando se estávamos abertos. Trocamos até o piso da loja, além das prateleiras e nova pintura — enumera o comerciante.
Negociação com fornecedores
O árduo trabalho de recomeço, no caso dos comerciantes, inclui outra etapa importante: a negociação com fornecedores. Adriano conta que entre a montagem da nova farmácia e chegada de encomendas de mercadorias, ainda houve espaço para realinhar prazos de pagamento e dar fôlego para o negócio.
— Estamos focados também em retomar a variedade dos produtos oferecidos. Principalmente, em relação aos medicamentos, que sempre buscamos ter disponibilidade do maior número de laboratórios fabricantes disponíveis aos clientes — cita Adriano.
Mesmo que alguns atendimentos tenham sido feitos enquanto o local passava por reparos, a reabertura oficial foi no dia 4 de junho. O trabalho para a retomada completa ainda segue. Durante a visita da reportagem, mais prateleiras eram montadas para receber novos produtos.
—Entre mercadorias e mobília, perdemos cerca de R$ 150 mil. Isso representa cerca de 60% do negócio. Então, essa retomada é importante para recuperarmos isso — projeta o empreendedor.
Recuperação a todo vapor
Não é só o comércio de Adriano e sua mãe que está em funcionamento no bairro Vicentina. O local foi bastante atingido pela enchente, principalmente, pela proximidade com o Rio dos Sinos. O dique que fica no bairro teve o rompimento de um trecho de 70 metros junto à casa de bombas da Avenida João Correa. Ainda assim, logo que a água baixou, o trabalho de recuperação foi iniciado pela comunidade.
A limpeza dos resíduos nas ruas também parece estar em estágio mais avançado, ao menos no bairro Vicentina, do que na comparação com outras cidades da Região Metropolitana. Ainda assim, como em outros municípios, a reconstrução avança de maneira mais lenta em pontos residenciais.