As enchentes que ainda atingem o RS levaram um grande contingente de pessoas a buscar o Litoral Norte, uma das poucas regiões não afetadas pela catástrofe. Enquanto algumas chegam buscando infraestrutura, como água ou luz, outras buscam um abrigo após terem perdido suas casas. Apesar da maior parte delas estar alojada em casas próprias, de amigos ou parentes, houve aumento na procura por imóveis para alugar no Litoral.
De acordo com as imobiliárias locais, há instabilidade nos preços. Alguns proprietários aumentaram os valores oferecidos pelos imóveis diante da maior procura. Há também quem já reduziu a cobrança em solidariedade às vítimas.
Em Capão da Canoa, a busca por compra e aluguel aumentou de 30% a 40%, estima Danilo Hoffmann, gerente de vendas do Rei do Imóvel. No entanto, os valores da baixa temporada seguem os mesmos, frisa: aluguéis de imóveis de um dormitório com garagem custam a partir de R$ 200 diária; dois dormitórios, R$ 400; e três dormitórios, R$550. Na Imobiliária Montano, o aumento da procura se deu tanto em aluguéis anuais quanto por temporada, chegando a até 60 dias.
— Teve dias que atendemos mais de seis clientes procurando por esse tipo de serviço, algo que não é comum para esse período — aponta Fabrício Montano, proprietário da empresa.
Em relação aos aluguéis, Montano identifica dois movimentos: o de corretores pedindo aos proprietários dos imóveis para que baixem os preços em função da tragédia; e dos proprietários que estão aumentando valores. Os imóveis de um dormitório custam, mensalmente, a partir de R$ 1,2 mil, e, de dois dormitórios, R$ 1,5 mil.
— Muitos ainda não se conscientizaram que o momento é de ajuda. Mesmo que seja baixar um pouco o preço, afinal essas pessoas que estão aqui não estão em veraneio — ressalta.
A respeito da compra e venda, Montano afirma que os valores seguem iguais enquanto o mercado tenta assimilar o que aconteceu. Ele avalia que a perspectiva, porém, é de que aumente a procura por imóveis na cidade, que não sofreu os impactos diretos da tragédia climática.
Em Tramandaí e Imbé, cidades litorâneas mais próximas a Porto Alegre, é possível encontrar imóveis de um dormitório na faixa de R$ 950 a R$ 2 mil na Imobiliária Callegaro.
A procura é para todo o tipo de imóvel e para períodos curtos, segundo Pedro Lopes, diretor de vendas e locações da Imobiliária Pinheiro. Nesta empresa, a diária de imóveis de dois dormitórios custa entre R$ 80 e R$ 120. Há também procura por casas de três dormitórios por até 30 dias, na base de R$ 2,5 mil.
— A gente está tentando fazer um precinho o mínimo possível, até para ajudar eles. É a nossa contribuição junto aos proprietários — relata.
Busca pela internet
Na internet, há diversas opções de aluguéis: em Tramandaí, os preços partem de R$ 150/dia ou R$ 660/mês nos sites Viva Real e Zap Imóveis. Em Imbé, há apenas dois imóveis disponíveis para aluguel, com valores de R$ 300/dia (casa com três quartos) e de R$ 4,4 mil/mês (casa com seis dormitórios). Em Capão da Canoa, os partem de R$ 300/dia (apartamento com um dormitório) e de R$ 1,3 mil/mês (apartamento com um dormitório).
Para Marcelo Callegaro, presidente da Associação das Imobiliárias e Corretores de Imóveis de Tramandaí e Imbé (Aiciti), a cobrança dos preços é justa, pois as imobiliárias estão cientes das necessidades do momento atual. Apesar de a procura ser grande, os acordos finais não são: as pessoas preferem casas, mas há poucas disponíveis, pois já estão sendo utilizadas.
— A gente não sabe quanto tempo isso vai ainda perdurar, mas provavelmente mais alguns dias, algumas semanas, até porque voltaram as chuvas — afirma Callegaro.
Presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-RS) e da Associação Gaúcha de Empresas do Mercado Imobiliário (Agademi), Moacyr Schukster relata não ter informações que denotem alterações no mercado do Litoral. As imobiliárias tenderão a locar de acordo com as combinações com os proprietários e sabem que a crise pela qual o Estado passa é temporária, reforça.