Tradição do Réveillon, a queima de fogos de artifícios é motivo de preocupação para tutores de pets no final de ano. De acordo com pesquisa realizada pela Petlove em parceria com a Instituto Caramelo, quase 40% dos entrevistados já perderam ou conhecem alguém que perdeu algum pet pelo pânico gerado com os rojões. Para amenizar os danos nesta data, Zero Hora reuniu dicas de cuidados do Conselho Regional de Medicina Veterinária, de petshop e de especialista em comportamento animal.
Seja pela audição mais aguçada, seja pela luz gerada na explosão, gatos e cachorros se assustam facilmente com o estampido de fogos de artifício. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), Mauro Moreira, cães e gatos têm audição duas vezes maior do que a de humanos.
— São animais predadores, mas que também precisam se proteger de predadores. Por isso a audição mais aguçada — justifica o dirigente.
Especialista em comportamento animal, o médico veterinário Lucas Mallet cita também o inesperado como fator para o medo desses animais:
— Para eles, são estímulos que configuram ameaça. Não tem conhecimento e não entendem o barulho. Por isso, a reação pode ser inusitada.
Ainda conforme pesquisa da Petlove e do Instituto Caramelo, as reações mais comuns entre os animais dos tutores ouvidos são se esconder (71%) ou ficar desorientado (60%). O estudo foi divulgado neste mês e ouviu mais de 3 mil pessoas em âmbito nacional, entre os meses de novembro e dezembro. A ação integra a campanha Chega de Fogos 2024 da petshop online.
Cuidados com o seu pet nas festas de fim de ano
Não deixe-o sozinho
A primeira recomendação é a de não deixar o animal sozinho neste momento. É importante se certificar também de que não há como ele fugir. Caso não seja possível estar com o animal neste momento, o CRMV-RS sugere a hospedagem em um hotel para pets ou até mesmo na casa de um familiar ou amigo que possa cuidar com a mesma atenção.
Prepare o ambiente
Além de estar no mesmo ambiente que o seu pet, é recomendado que o espaço seja preparado para esse momento. A sugestão dos veterinários é de que o cômodo transmita acolhimento. Para isso, feche portas e janelas, isole o som externo, se possível, e desligue as luzes. O veterinário Lucas Mallet sugere a caixa de transporte como um ambiente de "refúgio" aos animais neste momento.
— É um lugar pequeno e conhecido. Pode ser a sua zona de segurança neste momento — justifica.
Ainda nesta linha, o lema "menos é mais" também é bem-vindo. Apesar de ser comum utilizar decorações para comemorar a virada do ano, o recomendado é ter poucos “obstáculos” pelo caminho para evitar acidentes.
Atente-se à temperatura do ambiente
Manter o animal em um local fresco, com ventilador ou ar condicionado, também pode ser importante se estiver em um ambiente abafado. O estresse pode levar o animal à hipertermia (aumento abrupto da temperatura corpórea).
Crie um barulho no ambiente
Outra dica é deixar a televisão ou rádio com volume em um canal que não seja o que está passando a queima de fogos. O som pode camuflar o estampido do rojão. É o que o presidente do CRMV-RS, Mauro Moreira, faz para proteger a Princesa, sua cachorrinha da raça Shih Tzu:
— Deixo-a na sala do meio do meu apartamento, onde não há acesso à janela, e coloco um som alto. Também procuro estar com ela no momento dos fogos.
Outra sugestão é colocar protetores auriculares no pet, como algodões para tampar os ouvidos e abafar o barulho.
Retire objetos que possam machucá-lo
Para evitar acidentes, outra recomendação é retirar tudo o que possa machucar o animal, como vidros, objetos perfurocortantes e estantes que possam cair. Também se sugere evitar coleiras, cordas e correntes nesta data, para evitar enforcamento.
Atenção à alimentação
O CRMV-RS também lembra de evitar oferecer alimentos prejudiciais aos pets. Chocolate e uvas, que podem ser comuns na ceia de Ano Novo, são tóxicos para cachorros.
Florais, soníferos e calmantes?
Presidente do CRMV-RS, Mauro Moreira chama a atenção para a utilização de medicamentos em animais nesta época do ano sem a recomendação de um médico veterinário.
— Nem todo animal pode receber qualquer medicação. É necessário que cada caso seja avaliado com um profissional, considerando raça, idade e peso.
O veterinário Lucas Mallet cita o uso de fitoterápicos como uma alternativa. No entanto, o profissional lembra que também é necessária a adoção com supervisão técnica e dias antes da virada do ano:
— Senão, não dá efeito no animal.
Há ainda produtos como difusores que espalham pelo ambiente uma réplica do odor materno e deixam os animais naturalmente mais calmos. E podem ser uma pedida neste momento como alternativa à medicação.
Atenção aos sintomas
Caso o animal apresente sinais de estresse, como tremores, salivação excessiva, enjoo e náusea, a recomendação é procurar ajuda profissional.
Para longo prazo
Para longo prazo, a recomendação é contar com a ajuda de um adestrador ou de um médico veterinário especialista em comportamento. Outra sugestão é a de dessensibilizar o cão ao estampido dos fogos de artifício, acrescenta Lucas Mallet:
— Pode-se colocar em som ambiente, durante a alimentação, por exemplo. O animal começa a se acostumar recebendo uma recompensa (no caso, um petisco).