O Brasil apresentou evolução em indicadores do saneamento básico, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (23). Coleta do lixo, número de banheiros e abastecimento de água tiveram melhores resultados na comparação ao levantamento de 2010.
O censo também traz detalhes sobre os tipos de domicílio no país: as casas seguem maioria e os apartamentos registraram tendência de alta no país nos últimos 12 anos.
A nova etapa de divulgação do censo contempla informações sobre a forma de abastecimento de água, destino do lixo, tipo de esgotamento sanitário, existência de banheiro ou sanitário e existência de canalização de água, possibilitando uma caracterização dos domicílios e das condições de vida da população. As informações também estarão desagregadas segundo a cor ou raça e os grupos de idade da população.
Tipo de domicílio
O recenseamento de 2022 identificou predomínio dos domicílios do tipo “Casa”: havia 59,6 milhões dessas moradias na coleta de dados, onde residiam 171,3 milhões de pessoas (84,8% da população do país).
Os apartamentos foram o segundo tipo mais identificado; 12,5% da população morava nesses espaços. Os domicílios do tipo “Casa de vila ou em condomínio” abrigavam 2,4% da população. Somados, “Casa” e “Casa de vila ou em condomínio” reuniam 87,2% dos moradores.
Foi verificada a tendência de elevação gradual nos apartamentos. Em 2000, 7,6% da população residia nesse tipo de imóvel. Em 2010, a proporção subiu para 8,5%. Nos 12 anos seguintes, o percentual aumentou mais 4,1 pontos percentuais, chegando aos 12,5% registrados em 2022.
O Distrito Federal é a unidade da federação com o maior percentual de população residindo em apartamentos (28,7%) e o Piauí, com a maior proporção da população residindo em domicílios do tipo “Casa” (95,6%).
Apesar da expansão dos apartamentos em 2022, esse tipo era a forma predominante de habitação da população em apenas três municípios brasileiros: Santos (SP), São Caetano do Sul (SP) e Balneário Camboriú (SC). Nos 5.567 municípios restantes, predominava o tipo “Casa”.
Forma de abastecimento de água
Os dados coletados indicam que a principal forma de abastecimento de água da população brasileira era a "Rede geral de distribuição", opção que era a forma principal de abastecimento em 60,8 milhões de domicílios, onde residiam 167,5 milhões de pessoas (82,9% da população). A segunda mais comum foi o "Poço profundo ou artesiano", forma principal de abastecimento de 9% da população.
Na sequência, aparecem a forma "Poço raso, freático ou cacimba", atendendo 3,2%, e a forma "Fonte, nascente ou mina", com 1,9%. Segundo os pesquisadores, embora expressem níveis diferentes de qualidade e segurança, as quatro formas de abastecimento são consideradas adequadas para fins de monitoramento do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). Em conjunto, essas quatro formas atendiam 96,9% da população em 2022.
A rede geral era a forma principal de abastecimento de água predominante em todas as grandes regiões, mas a proporção da população coberta variou entre 91,0% na Região Sudeste e 55,7% na Região Norte.
Em 4.753 municípios, 50% ou mais da população era abastecida principalmente por rede geral, e em 5.157 municípios a rede geral era a forma principal predominante de abastecimento de água.
Segundo o IBGE, o quesito de forma de abastecimento de água do Censo 2022 não pode ser comparado diretamente ao quesito do mesmo tema do Censo 2010, em função de alterações conceituais. Porém, assegura que, com a análise de dados do último levantamento, “pode-se concluir que a comparação entre os dois recenseamento indica elevação da cobertura da rede geral de abastecimento de água no Brasil”.
Existência de canalização de água
Em 69,3 milhões de domicílios – onde moravam 192,3 milhões de pessoas (95,1% da população), a água chegava "Encanada até dentro da casa, apartamento ou habitação". Para 2,5% da população, a água chegava "Encanada, mas apenas no terreno". Para outros 2,4%, a água não chegava encanada – ou seja, a água precisava ser transportada em baldes, galões, veículos ou outros recipientes para uso pelos moradores.
A comparação com recenseamentos anteriores mostra redução na parcela da população residindo em domicílios sem canalização e com canalização apenas no terreno. O Censo 2000 revelou que 80,3% da população residia em domicílios com canalização interna, enquanto 7,2% moravam em domicílio com canalização apenas no terreno e 12,4% em domicílios sem canalização.
Já em 2010, os percentuais encontrados foram de 89,3% da população em domicílios com canalização interna, 4,0% em domicílios com canalização externa e 6,8% em domicílios sem canalização. Nos 12 anos entre 2010 e 2022, a proporção da população residente em domicílios sem canalização se reduziu em 4,4 pontos percentuais e a proporção da população em domicílios com canalização apenas externa se reduziu 1,5 pontos percentuais.
Entre as unidades da federação, a existência de canalização dentro do domicílio atingiu o maior percentual no Paraná e em São Paulo, onde beneficiava 99,6% dos moradores, e atingia o mínimo no Acre, onde o percentual registrado foi de 80,5%.
Já a inexistência de canalização era mais elevada no Amazonas (9,7%) e mais reduzida no Paraná (0,1%). O censo diz que, em comparação com 2010, houve redução na proporção da população residindo em domicílios sem canalização em todas as unidades da federação, com destaque para o Acre, que registrou uma redução de 22,4 pontos percentuais, passando de 32% para 9,6%.
Quantidade de Banheiros
Em 2022, 97,8% da população (197,5 milhões de pessoas) tinha acesso a ao menos um banheiro de uso exclusivo, ou seja, disponível ao morador ou hóspedes do imóvel. Os compartilhados, quando um terreno tem dois ou mais domicílios que dividem o mesmo banheiro, eram rotina de 0,5% da população.
Os “sanitários ou buracos para dejeções” – quando os domicílios não possuem banheiros (cômodo com vaso sanitário e instalações para banho), mas fazem uso de alguma instalação sanitária mais simples para dejeções – era utilizado por 1,2% dos brasileiros.
A inexistência de banheiros, sanitários ou buracos para dejeções, indicando a existência de defecação a céu aberto foi observada em 367 mil domicílios, onde residiam 1,2 milhões de pessoas (0,6% da população).
O Censo 2010 havia registrado uma proporção de 92,3% da população residindo em domicílios com banheiro de uso exclusivo, proporção que havia se elevado em 5,5 pontos percentuais em 2022.
O IBGE afirma que em todas as unidades da federação foi registrada expansão na proporção da população residindo em domicílios com banheiro de uso exclusivo entre os recenseamentos de 2010 e 2022. As maiores elevações ocorreram nas Regiões Norte (75,5% em 2010 e 90,5% em 2022) e Nordeste (83,4% em 2010 e 95,3% em 2022).
A maior proporção da população morando em domicílios com banheiro de uso exclusivo encontrada em 2022 foi de 99,9%, no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. A menor parcela foi observada no Acre: 83,6%.
Tipo de esgotamento sanitário
Nos domicílios onde havia banheiro ou sanitário, o Censo 2022 investigou o tipo de esgotamento sanitário existente. A situação encontrada mais comumente foi o esgotamento por "Rede geral ou pluvial". Em 2022, 43,8 milhões de domicílios, nos quais moravam 117,8 milhões de pessoas – 58,3% da população – tinham esgotamento desse tipo.
Além disso, 4,2% da população encontrava-se na categoria seguinte, "Fossa séptica ou fossa filtro Ligada à rede", situação em que o esgoto primeiro passa por algum tipo de solução individual no domicílio e depois é destinado à rede geral.
O conjunto dessas duas categorias, "Rede geral ou pluvial" e "Fossa séptica ou fossa filtro ligada à rede" corresponde ao conjunto de domicílios conectados a algum serviço público que colete e afaste o esgoto domiciliar. Em 2022, 62,5% da população era atendida por coleta de esgoto.
O outro contingente, de 13,2%, residia, em 2022, em domicílios onde o esgotamento sanitário era por "Fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede" – solução individual de saneamento que é considerada adequada pelo Plano Nacional de Saneamento Básico. O conjunto da população atendida por esgotamento por rede ou por fossa séptica atingiu 75,7% em 2022.
Destino do lixo
O censo indica que 82,5% da população tinha o lixo coletado no domicílio por serviço de limpeza. Em segundo lugar em proporção de ocorrência vem o destino “Depositado em caçamba de serviço de limpeza”, que abarcava 8,4% dos moradores. Essas duas categorias, em conjunto, correspondem aos domicílios com coleta de lixo. Em 2022, 90,9% da população residia em domicílios com coleta direta ou indireta de lixo.
Os 9,1% restantes da população recorriam a soluções locais ou individuais para a destinação do lixo. Para 7,9% da população, o lixo domiciliar era “Queimado na propriedade”, e para 0,3% “Enterrado na propriedade”. Para um grupo de 0,6% da população, o lixo domiciliar era apenas “Jogado em terreno baldio, encosta ou área pública”.
Segundo o IBGE, a proporção da população atendida por coleta direta ou indireta de lixo tem aumentado a cada operação censitária: o recenseamento de 2000 informou que 76,4% da população era atendida por coleta de lixo naquele momento, percentual que aumentou para 85,8% no Censo 2010 e chegou a 90,9% em 2022. Entre as unidades da federação, a maior proporção de coleta direta ou indireta de lixo foi registrada em São Paulo, 99%, e a menor no Maranhão, 69,8%.