O Rio Grande do Sul é o Estado com o maior percentual de brancos entre as unidades da federação, conforme o Censo Demográfico 2022. O levantamento estimou o grupo em 8.534.229 pessoas ou 78,4% da população gaúcha. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (22).
O grupo majoritário, porém, caiu 4,1% na comparação com o censo de 2010. Nesse período, os que se autoidentificaram indígenas aumentaram 6,2%; pretos tiveram acréscimo de 19,3% e pardos, 41,3%. A parte amarela da população encolheu 77% no RS entre os dois estudos.
O resultado foi obtido com a resposta à pergunta: “A sua cor ou raça é: branca, preta, amarela, parda ou indígena?”. Conforme o IBGE, cor ou raça é uma percepção que o informante tem sobre si mesmo (autoidentificação) e sobre como os outros moradores se autoidentificam (ausentes). Veja no fim da reportagem mais informações sobre os critérios e os motivos da questão.
Os dados nacionais indicam que a parcela parda da população é a mais numerosa. O grupo foi estimado em 92.083.286 pessoas ou 45,3% da população brasileira. É a segunda vez que os pardos são a maior parte da população nos censos; a primeira — e única até então — havia sido em 1872.
Essa etapa de divulgação do Censo 2022 mostra o quantitativo da população por cor ou raça, dividida nas categorias branca, preta, parda, amarela e indígena, até o nível de município. O material também permite identificar a distribuição por sexo e faixa etária de cada um dos grupos analisados. Segundo o IBGE, com esses dados, será possível subsidiar estudos sobre demografia e desigualdades étnico-raciais no Brasil.
Branca
O Estado tem os três municípios com maior parcela branca na população de todo o país. São eles:
- Morrinhos do Sul, no Litoral Norte: 97,4% (2.992 dos 3.071 habitantes)
- Forquetinha, no Vale do Taquari: 97,2% (2.393 dos 2.325 habitantes)
- Monte Belo do Sul, na Serra: 96,2% (2.557 dos 2.459 habitantes)
Além disso, 494 dos 497 municípios são formados por maioria branca no RS. Em Porto Alegre, 73,6% dos moradores – 981.251 indivíduos – se declararam brancos.
Preta
O censo informou que 709.837 pessoas se autoidentificaram pretas no RS, o equivalente a 6,5% da população gaúcha. Porto Alegre tem 12,6% da população formada por pretos ou 168.196 pessoas, o maior número absoluto do RS. Os municípios com maior comunidade em termos percentuais são:
- Alvorada, na Região Metropolitana: 14,9% (27.839 pessoas)
- Formigueiro, no Centro: 14,8% (4.854)
- Viamão, na Região Metropolitana: 13% (29.146)
Parda
O RS é o Estado com o menor percentual de pardos no Brasil: 14,7% ou 1.596.357 indivíduos. O resultado é o oposto do cenário nacional, que indica o grupo como o maior no Censo 2022. Os municípios com maior proporção de pardos no RS são:
- Dois Irmãos das Missões, no Norte: 37,3% (779 pessoas)
- Lajeado do Bugre, no Norte: 35,4% (920)
- Boa Vista das Missões, no Norte: 33,8% (653)
A Capital tinha 178.354 pardos em 2022, o equivalente a 13,4% dos moradores.
Amarela
O levantamento estima em 8.158 pessoas — 0,07% da população do Estado — no grupo de cor ou raça amarela, de origem oriental (japonesa, chinesa e coreana, por exemplo). O RS é o que tem a menor proporção entre as unidades da federação. Os municípios gaúchos com a parcela mais significativa da comunidade são:
- Itati, no Litoral Norte: 0,9% (23 pessoas)
- Mato Castelhano, no Norte: 0,6% (15 pessoas)
- Gramado dos Loureiros, no Norte: 0,5% (11 pessoas)
Porto Alegre tem 0,2% da população composta pelo grupo, ou 2.306 indivíduos.
Indígena
Os indígenas correspondem a 36.102 — 0,3% da população gaúcha — no Censo 2022. O Estado é o 10º com maior representatividade entre as unidades da federação. Os únicos três entre os 497 municípios sem maioria branca no RS são indígenas:
- São Valério do Sul, no Noroeste: 48,6% (1.237)
- Benjamin Constant do Sul, no Norte: 46,3% (964)
- Redentora, no Noroeste: 43% (4.192)
Porto Alegre tem 2.957 indivíduos do grupo, o que representa 0,2% da população.
Critério para a coleta de dados
Segundo o IBGE, cor ou raça é uma percepção que o informante tem sobre si mesmo (autoidentificação) e sobre como os outros moradores se autoidentificam (ausentes). Além disso, o quesito é denominado cor ou raça e não apenas "cor" ou apenas "raça", pois há vários critérios que podem ser usados pelo informante para a classificação, tais como: origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, entre outros, e porque as cinco categorias disponíveis — branca, preta, amarela, parda e indígena — podem ser entendidas pelo informante de forma variável. O instituto reforça que raça "é uma categoria socialmente construída na interação social e não um conceito biológico".