A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o maior encontro católico do mundo, começa oficialmente nesta terça-feira (1º) em Lisboa, um dia antes da chegada a Portugal do papa Francisco, que, aos 86 anos e apesar do frágil estado de saúde, deve se reunir com mais de um milhão de fiéis nos próximos dias.
Francisco deve desembarcar na quarta-feira (2) na capital portuguesa. O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, será o responsável por presidir a missa de abertura da JMJ em um grande parque no centro da cidade a partir das 19h (15h de Brasília). As autoridades locais calculam a presença de quase 300 mil fiéis neste primeiro encontro, mas o público deve alcançar um milhão de peregrinos na missa final, que será celebrada pelo papa no próximo domingo (6).
A agenda da 42ª viagem do pontífice ao exterior desde sua eleição em 2013 é bastante intensa, com uma dezena de discursos e quase 20 eventos previstos, apenas dois meses após a cirurgia no abdômen que exigiu vários dias de hospitalização.
A visita papal de cinco dias mobilizará 16 mil integrantes das forças de segurança, do serviço de proteção civil e do setor de emergência médica. Várias rodovias e estações de metrô permanecerão fechadas. Os controles na fronteira com a Espanha serão restabelecidos de maneira excepcional.
— É um evento único por sua magnitude — disse o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, recordando que o número de peregrinos aguardados representa 10% da população portuguesa, que é de 10 milhões habitantes.
— Acredito que será uma experiência incrível estar no mesmo lugar que o papa — afirmou Barbara Weisz, uma estudante americana de 19 anos, que viajou ao lado de 30 amigos de uma igreja de San Diego (Califórnia).
— É um sentimento especial, estar ao lado de tantos jovens que compartilham as mesmas crenças — acrescentou ao lado dos colegas de viagem, reunidos diante de um hotel para visitar a cidade antes da missa de abertura.
Os diversos grupos começam a lotar as ruas de Lisboa, em particular nas proximidades das principais igrejas da cidade, onde os voluntários, com camisas amarelas, recebem os peregrinos.
— É um momento especial. Você precisa fazer pelo menos uma vez na vida — disse o peregrino Samuel Navarro, um estudante espanhol de 19 anos.
Violência sexual
Na quarta-feira, o papa fará o primeiro discurso diante das autoridades portuguesas e do corpo diplomático. Na quinta-feira e na sexta-feira, Francisco se reunirá com grupos de jovens e voluntários.
O pontífice deve passar a manhã de sábado no célebre santuário de Fátima, que fica 130 km ao norte de Lisboa e que ele visitou em 2017, e participará em uma grande vigília em um parque da capital antes de presidir a missa final de domingo.
Embora o Vaticano não tenha confirmado de forma oficial, de acordo com a Conferência Episcopal portuguesa, o papa deve ter um encontro privado com vítimas de agressões sexuais contra menores de idade cometidas por membros do clero português, seis meses após a publicação de um relatório impactante sobre o tema.
A investigação de uma comissão de especialistas independentes, solicitada pela cúpula católica portuguesa, destacou que pelo menos 4.815 menores foram vítimas de violência sexual dentro da Igreja desde 1950. Até o momento, no entanto, não foi divulgado nenhum detalhe sobre o encontro com as vítimas portuguesas.
— Sei que acontecerá e que será comunicado, mas não sei onde será nem com quantas pessoas — disse o cardeal Clemente.
— Da parte da Igreja portuguesa, o empenho é total para resolver a questão — destacou em uma entrevista coletiva na segunda-feira.
* AFP