Mais de 150 gaúchos, entre grupos de jovens e casais, embarcaram para Lisboa, onde de terça-feira (1º) a domingo (6), participarão da 16ª edição da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento, que contará com a presença do papa Francisco, é o maior encontro católico do mundo. A organização espera receber 1,2 milhão de participantes de mais de 151 países. Do Brasil, mais de 13 mil pessoas partiram para Portugal no objetivo de acompanhar o encontro.
— O bonito dessa JMJ é que são jovens católicos e também vão outros jovens de outras conduções religiosas. É um momento de encontro, de animação e de missão para a juventude do mundo todo — celebra Dom Darley José Kummer, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
Grupos de diversas cidades do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, Bagé, Caxias do Sul e Montenegro, entre outras, viajaram para participar do evento. A idade dos participantes varia entre 15 e mais de 30 anos — a maior parte, contudo, são adultos. Os menores viajaram acompanhados ou com uma autorização especial. Entretanto, há pessoas mais velhas e famílias que também estarão presentes.
Os peregrinos estão acomodados em diferentes locais, como casas de família, espaços religiosos, hotéis, escolas e até acampamentos. A empresária Andressa Doberstein, 33 anos, e o marido Wagner Kerber, 32 anos, engenheiro eletricista, estão hospedados em uma escola, assim como outros voluntários. O casal de Esteio embarcou no dia 21 de julho para auxiliar no encontro. Eles deverão atuar no evento de formação geral dos voluntários, na entrega de kits de alimentação e na central de mídia.
A viagem até Lisboa foi extensa — os dois chegaram por Madri e foram de ônibus até a capital portuguesa para economizar. Porém, no caminho, encontraram outros voluntários, fizeram novas amizades e se animaram.
— Estamos a serviço da igreja, para bem servir no que for possível — diz Andressa.
— Servir e auxiliar para que os jovens possam ter uma experiência única em suas vidas — acrescenta Wagner.
Além disso, os dois desejam conhecer o Santuário de Fátima, ver e rezar com o papa novamente.
— Nosso objetivo, além de estar próximo do Santo Padre, Papa Francisco, é também ocasionar esse intercâmbio de fé. A experiência de estar em um dos maiores eventos internacionais do mundo, com pessoas que não conhecemos, que acreditam e buscam os mesmo valores cristãos católicos, isso reforça nossa vocação diária. Hoje como casados, mas ainda antes, quando fomos na JMJ do Rio de Janeiro, percebemos o tamanho de nossa igreja, e que somos muitos e de muitos lugares — afirma Andressa.
O casal é bastante engajado em sua paróquia no Brasil. No retorno, com a vida "transformada pelo evento", conforme Wagner, esperam fomentar a alegria e repassar os ensinamentos de Maria.
— Vivemos a vida de fé, seguimos a doutrina católica e somos muito completos como família nesta escolha. A vida é um presente, e já recebemos tantas graças que nos resta amar e seguir o propósito que Deus nos mandar — acrescenta Andressa.
Programação
O evento iniciará com uma missa de abertura. Nesta quarta (2), quinta (3) e sexta-feira (4), ocorrem as catequeses, em modelos de "encontros rise-up", propondo reflexões e buscando ouvir os jovens. Os assuntos abordados serão ecologia integral (questões socioambientais), amizade social (fraternidade) e, por último, misericórdia. As catequeses terão animação, leitura orante e textos bíblicos. O tema central desta JMJ é: "Maria levantou-se e partiu apressadamente".
O evento ainda terá pontos altos como a recepção do papa na quinta-feira, a via-sacra na sexta-feira, uma vigília presidida por Francisco no sábado à noite e uma grande missa de encerramento no domingo.
— A gente vê que a reflexão é animar essa juventude que vem em todos os segmentos, seja religioso ou civil, para que sejam também protagonistas do novo, dos desafios que estamos encontrando tanto na linha da ecologia integral e da amizade social, que é a fraternidade que une o Brasil todo — pontua o bispo.
Dom Darley destaca que será abordada outra questão enfatizada pelo papa: o diálogo com quem pensa diferente. Será, assim, uma oportunidade para sentar junto e encontrar possibilidades para os grandes desafios da atualidade, em vista de um bem comum.
— E a questão da reconciliação, do perdão e da misericórdia, porque o mundo também tem de se tocar disso. O mundo está muito polarizado, com dificuldade de interagir, pensar e refletir — acrescenta.
A ocasião mobilizará cerca de 16 mil agentes de segurança, da defesa civil e de emergência médica. Várias linhas e estações de metrô vão fechar — um desafio para a cidade de 550 mil habitantes, que costuma ser muito frequentada por turistas no verão.
Compromisso
A expectativa, segundo o bispo, é de que os jovens levem a experiência dos trabalhos, movimentos, grupos e projetos realizados no Rio Grande do Sul. E, em contrapartida, que tragam novidades no retorno, provenientes da troca de ideias com jovens de outros países, para, posteriormente, tentar aplicá-las aqui.
Quem permanece no Brasil também acompanhará o evento daqui. Contudo, o retorno é sempre aguardado com expectativa por quem fica, para saber qual será a nova missão. No domingo, o papa lança um desafio, uma espécie de compromisso para a juventude pensar mundialmente em como ajudar as questões humanas — não apenas religiosas, mas também o que é preciso fazer para cuidar do planeta. Portanto, o retorno guarda grandes debates para os representantes gaúchos.
A Jornada Mundial da Juventude foi criada em 1986 pelo papa João Paulo II e ocorre a cada dois ou três anos. Ela é realizada por meio de eventos festivos, culturais e espirituais, com shows, debates e orações.
As edições da JMJ com maior participação foram em Manila (5 milhões, em 1995), no Rio de Janeiro (3,7 milhões, em 2013) e em Cracóvia (3 milhões, em 2016).