Em 2021, o Brasil registrou cerca de 273 mil mortes a mais que em 2020, o que representa um crescimento de 18% no número de óbitos. Ao total, 1,8 milhão de pessoas faleceram no segundo ano de pandemia de covid-19, fazendo com que o país atingisse novos recordes: o maior número absoluto e a maior variação percentual ante o ano anterior, desde 1974. Em contrapartida, a quantidade de nascimentos caiu 1,6%, ficando próximo aos 2,6 milhões ao ano, nível mais baixo da série desde 2003, quando a metodologia foi alterada.
No primeiro ano de pandemia, as mortes já tinha batido o recorde. Em 2020, cerca de 1,5 milhão de óbitos foram registrados, um aumento de 196 mil, ou 14,9%, em relação ao ano anterior. Em 2021, como indicado pelos dados que integram as Estatísticas do Registro Civil, divulgadas nesta quinta-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número continuou a aumentar. De 2010 a 2019, antes da pandemia, o crescimento médio anual de óbitos era de 1,8%.
O aumento dos óbitos ocorreu especialmente no primeiro semestre de 2021. Segundo o IBGE, março teve o maior número de óbitos, com 202,5 mil registros. O valor é 77,8% superior ao registrado em março de 2020, mês de início da pandemia. A partir de julho de 2021, observa-se uma tendência de queda e, de setembro em diante, o número de óbitos começa a cair em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
— A implementação de medidas sanitárias e, posteriormente, as campanhas de incentivo à vacinação parecem ter contribuído para o recuo da pandemia e suas consequências. Há uma clara aderência entre a diminuição no número de óbitos e o avanço da vacinação no país — avalia a gerente da pesquisa, Klívia Brayner.
De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde analisadas por GZH na época, abril foi o mês com mais mortes por covid-19 no Brasil, com 66,5 mil óbitos registrados.
Em um cenário diferente do observado no relatório referente a 2020, a Região Sul teve a maior variação do país. De 2019 para 2020, o Sul tinha sido a região menos afetada e, de 2020 para 2021, registrou aumento de 30,6%. Em segundo e terceiro lugar no ranking, estão Centro-Oeste (24%) e Sudeste (19,8%), respectivamente. Já as regiões Norte (12,8%) e Nordeste (7,1%) registraram patamares inferiores à média nacional. Os dados também mostram que o número de óbitos em 2021 foi maior entre adultos de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos, em comparação ao primeiro ano de pandemia. O crescimento foi de, respectivamente, 35,9% e 31,3%.
Registros de nascimento caem pelo terceiro ano consecutivo
Cerca de 2,7 milhões de nascimentos foram registrados em cartórios do Brasil em 2021. O número é 1,6% menor que o do ano anterior, o que significa, aproximadamente, 43,1 mil nascimentos a menos. No período entre 2015 e 2019, a média anual de nascimentos era de 2,9 milhões. Entre 2018 e 2019, a redução nos nascimentos foi de aproximadamente 3%, o que representa cerca de 87,8 mil. Já entre 2019 e 2020, de 4,7%, significando menos 133 mil nascimentos.
Quanto ao mês de nascimento das crianças registradas, o mesmo comportamento de anos anteriores se manteve, com o maior número no mês de março (239 mil), seguido pelo mês de maio (237,3 mil), enquanto novembro foi o mês com o menor número de nascimentos (205,4 mil). O IBGE ressalta que, do total de nascimentos, 2,6 milhões são relativos a crianças nascidas em 2021 e registradas até o primeiro trimestre de 2022, e aproximadamente 73 mil correspondem a pessoas nascidas em anos anteriores ou com o ano de nascimento ignorado.
— Na análise da idade da mãe na ocasião do parto, em 2000, 2010 e 2021, houve uma progressiva mudança na estrutura dos nascimentos no país — analisa a gerente Klívia Brayner.
Em 2000, mais de 54% dos nascimentos eram de crianças geradas por mães com 20 a 29 anos. Em 2010, esse percentual passou para 53,1%, enquanto o de nascidos vivos de mães com 30 a 39 anos passou de 22% em 2000 para 26,1% em 2010. Em 2021, a participação do grupo de mães com 20 a 29 anos de idade caiu para 49,1% dos nascimentos, enquanto o de mães com 30 a 39 anos cresceu para 33,8%.
Casamentos e divórcios
Em relação aos registros de casamentos civis, foram 932,5 mil em 2021, um aumento de 23,2% em relação a 2020. Desde 2015, o número de casamentos apresenta tendências de queda. Entre 2019 e 2020, no cenário da pandemia, o decréscimo foi ainda mais expressivo, de 26,1%. Do total de registros, 9,2 mil foram entre pessoas do mesmo sexo, um aumento de 43,0% em relação a 2020.
Por outro lado, o número de divórcios concedidos em 1ª instância ou realizados por escrituras extrajudiciais aumentou 16,8% em 2021, atingindo 386,8 mil. Com isso, a taxa geral de divórcios (número de divórcios para cada mil pessoas de 20 anos ou mais) também cresceu, passando de 2,15‰ (2020) para 2,49‰ (2021).