Às vésperas de completarem três meses de vida, na próxima quarta-feira (1º), as gêmeas siamesas nascidas em Porto Alegre, após negativa da Justiça para realização de aborto e repercussão nacional do caso, seguem internadas em unidade de terapia intensiva (UTI). Desde 1º de janeiro, Milena e Sofia estão no Hospital Vida e Saúde, de Santa Rosa, na Região Noroeste, para onde foram transferidas de avião.
Os pais das meninas, Marciano da Silva Mendes e Lorisete dos Santos, ambos de 37 anos, residem em São Luiz Gonzaga, nas Missões, com outros dois filhos. Agora, revezam-se para fazer companhia às gêmeas, indo e voltando entre as duas cidades — distantes cerca de 110 quilômetros —, cada um deles responsável por cobrir metade da semana. Um homem que ficou sabendo do caso emprestou uma casa em Santa Rosa para que Marciano possa pernoitar. Lorisete dorme no hospital.
De acordo com a assessoria de imprensa do Vida e Saúde, o estado das pacientes é grave, mas estável. Elas respiram com auxílio de ventilação não invasiva. Milena e Sofia têm um tronco e duas cabeças. Sofia apresenta um problema no estômago que atrapalha a alimentação. É necessário passar por uma cirurgia, ainda sem previsão de data.
A família segue enfrentando dificuldades financeiras. Como pedreiro, Marciano não consegue pegar nenhum serviço por conta dos deslocamentos constantes e do período vivido, provisoriamente, na Capital. Lorisete está em licença-maternidade, recebendo salário de uma escola onde atua como auxiliar de limpeza.
Em dezembro, decisão judicial determinou que o Estado deveria arcar com as despesas de alimentação do casal durante a internação das filhas. Elas nasceram no Hospital Fêmina, em Porto Alegre. Marciano e Lorisete receberam uma primeira parcela de R$ 3 mil, para cobrir as refeições de 30 de dezembro a 30 de janeiro — a hospedagem, em uma pousada, estava sendo custeada pela prefeitura de São Luiz Gonzaga. Com a transferência para o Interior e a nova configuração da rotina, os custos podem ser recalculados.
Questionada pela reportagem de GZH sobre previsão de data para novo repasse, a Secretaria Estadual da Saúde (SES), por meio da assessoria de imprensa, disse que não poderia responder. “Tendo em vista que as informações solicitadas são específicas sobre um cidadão, de acordo com a Lei Geral de Proteção dos Dados Pessoais (LGPD), não cabe ao gestor fornecê-las a terceiros”, diz trecho da nota.
A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul acompanha o caso com uma defensora no Interior e avalia a situação. Também por nota, informou que “está procurando formas de inserção da família nos programas e benefícios oferecidos pelo Estado ou, se se fizer necessário, nova ação judicial”.
Marciano e Lorisete aceitam doações. Quem quiser contribuir pode fazer uma transferência por Pix. A chave é o CPF de Marciano: 01282118064.