Um local para receber manifestações artísticas, com um cinema e até um estúdio para gravar podcasts e músicas. Essas são três das ideias que compõem o projeto da Casa de Cultura de Butiá, na Região Carbonífera. A iniciativa une os espaços culturais da cidade em um ambiente, para estimular o turismo na região e oferecer opções de lazer à população.
A casa de cultura foi inaugurada no fim de julho, mas o prédio já faz parte da rotina dos moradores há décadas. Isso porque o local é 20 anos mais antigo do que Butiá, que se emancipou em 1963.
Desde a construção, em 1943, o prédio, localizado no centro da cidade, abrigou as atividades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), nos anos de atividades de mineração de carvão na região. Mais tarde, foi sede do fórum da cidade e, até este ano, era o Centro de Referência de Assistência Social (Cras). O imóvel é do governo estadual, mas foi cedido ao município por 20 anos.
De acordo com Matheus Espinoza, diretor e coordenador de cultura do município, a finalidade da iniciativa no "antigo fórum" — como é conhecido o ambiente na cidade — é preencher um vácuo identificado por moradores quanto a opções culturais e de lazer no município.
— Nas pesquisas que fizemos, não encontramos nenhuma casa de cultura na região, apenas em Rio Pardo ou Porto Alegre. Existem equipamentos culturais em diversos municípios, mas nenhum reúne todas as atividades em um só lugar. Butiá está sendo pioneira (na região). O prédio tem uma histórica gigantesca, então esse foi o motivo da escolha para ser a nossa casa de cultura — comenta.
Antes, o espaço cultural do município ficava em um prédio onde hoje está a Secretaria de Educação de Butiá. O ponto, entretanto, precisou ser utilizado para o combate à covid-19 a partir de 2020. Por isso, durante dois anos, a cultura "perdeu espaço" para a doença, de acordo com o coordenador de cultura. A mudança e as reformas necessárias duraram cerca de dois meses antes da abertura à visitação.
De acordo com Espinoza, o objetivo da administração é de que a estrutura seja autossustentável, com recursos obtidos com o "aluguel" do prédio. A ideia é que os espaços sejam disponibilizados para qualquer interessado em organizar um evento, como uma exposição de arte ou aula de música, por exemplo. O pagamento será feito com materiais necessários para o funcionamento da casa de cultura, indicados pelos responsáveis.
No entanto, para completar os projetos pensados para a casa, investimentos terão de ser feitos. Um dos ambientes que precisará de recursos é a chamada sala audiovisual, que receberá isolamento acústico para receber atividades musicais. Além disso, a sala servirá como um estúdio para a criação de podcasts, edição de materiais de áudio e vídeo.
Outro objetivo da prefeitura é um espaço para a população assistir a filmes. De acordo com Matheus Espinoza, essa iniciativa também quer oferecer uma opção de lazer ao município, que não tem um cinema hoje. O espaço físico para isso já existe, com capacidade para cerca de 50 pessoas, mas será necessária compra de um projetor para a exibição dos filmes.
Ideia é ampliar o espaço
Nos primeiros meses, a Casa de Cultura de Butiá ficará aberta ao público de terça a sexta-feira, entre 9h e 12h e 13h30min e 17h, mas o projeto prevê que o funcionamento seja ampliado, com outras opções aos visitantes, dentro do prédio e no pátio do imóvel.
— Queremos fazer um anfiteatro, uma cafeteria nos fundos para chamar a comunidade também no sábado e no domingo. No município pequeno, no fim de semana, há poucas opções de lugares para ir. Então, uma casa aberta nesses dias vai nos proporcionar lazer e cultura — explica Matheus Espinoza.
Na casa de cultura, os visitantes podem conhecer uma parte importante da história do município no Museu da Mina. O carvão deu sustentação econômica à região durante anos, em um período no qual Butiá era uma vila. A exploração do carvão fez famílias se instalaram no local com a finalidade de exercer a atividade mineira.
Na casa de cultura, uma sala reproduz uma mina de carvão: há um trilho de ferro, madeiras de sustentação da estrutura e as ferramentas utilizadas no trabalho. Outras salas também podem ser visitadas: o Ateliê Criativo, a sala de música, o Museu Municipal Sérgio Malta e a Biblioteca Municipal Sulamita Bratkowski.
Outros beneficiados com a abertura da casa são os 800 alunos das escolas municipais, que fazem parte do Projeto Futuro, e têm oficinas com atividades esportivas, culturais e de comunicação. Conforme o prefeito de Butiá, Daniel Almeida, a casa de cultura era um projeto já pensado há anos na cidade, mas que retornou à pauta municipal em 2021.
— A casa é um pensamento, um sonho e um resultado de muita conversa entre os setores da cultura. Foi decidido que era necessária a criação de um espaço que pudesse ser divulgado e para abrigar a cultura do município. Conseguimos constituir a casa no primeiro ano após esse debate — explica.
Segundo Daniel Almeida, as adaptações para a abertura da casa de cultura foram financiadas com verbas municipais. No entanto, outros setores devem se envolver no processo: espera-se o apoio de empresas do município, recursos estaduais e também está planejada a criação de uma associação de amigos da casa, para dar andamento aos projetos planejados para o local.
— Temos trabalhado a cultura junto com o turismo na Região Carbonífera, para Butiá expor o que tem de melhor. Produzimos no teatro, na música e nas esculturas e esse espaço vem para formar uma identidade em Butiá. Queremos promover nossos artistas e a cultura na região — comenta o prefeito.
Visite a Casa de Cultura de Butiá
- Horários e dias de funcionamento: de terça a sexta-feira, das 9h ao meio-dia e das 13h30min às 17h
- Onde: Rua Darcy Gardini Pacheco, 17, centro de Butiá
- Preço: entrada livre