Prevista para 1º de outubro, a liberação de pistas de dança em festas infantis, eventos de entretenimento e encontros sociais (casamentos, aniversários, formaturas, bailes de debutante etc) pelo governo do Rio Grande do Sul permitirá a retomada do setor de vez, explica Neca Esbroglio, vice-presidente Social da Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos (Agepes).
Com a pandemia, a maioria das produtoras menores fechou. As empresas que restaram passaram a sobreviver mediante "aparelhos”, em meio aos poucos eventos solicitados para formaturas e casamentos íntimos. Sem pista de dança, o evento social perdeu o apelo – a formatura ou aniversário se transformava em almoço ou jantar mais requintado.
— Estávamos esperando há muito tempo. Eventos sociais, sem pista de dança, não há. As pessoas não investiam em um evento com muitos convidados para jantar e depois terminar. Não tem como uma festa não ter um brinde, um casamento não ter uma dança dos noivos, uma festa de 15 anos não ter uma dança da menina — afirma Neca.
Ela destaca que o impacto da pandemia foi brutal no setor de eventos, com grande desemprego em diversos funcionários da cadeia – o que inclui não apenas produtoras de festas, mas iluminadores, DJs, técnicos de som e chefs de cozinha.
— O setor de eventos mobiliza muitos trabalhadores, mas muitos trocaram de profissão. Até sair o decreto, só pode comer sentado, não pode ter coquetel, nem bar de bebidas — acrescenta Neca.
A pista de dança é o coração do evento social, resume Maria Eduarda Santos, proprietária da Respira Eventos.
— Todos os nossos clientes querem muito, porque a pista de dança tem uma grande importância. É onde as pessoas socializam e se divertem. Para festa de 15 anos, o objetivo é a pista de dança. Sem isso, vira um encontro familiar um pouco mais organizado. Basicamente, fazemos decoração legal e uma alimentação que foge do cotidiano, com um chef de gastronomia. Agora, haverá a retomada — observa.
Questionada sobre a fiscalização de protocolos sanitários, a vice-presidente Social da Agepes afirma que clubes e produtoras são os mais interessados em assegurar o respeito às normas para evitar qualquer retrocesso na flexibilização.
— Os locais estão muito preocupados com todos os protocolos. Os aluguéis de salão dependem de rígido controle, senão há multa e interdição. Os clubes serão rédea-curta. Em segundo lugar, o anfitrião precisa estar consciente da necessidade de cuidados. E a organizadora precisa ser consciente e responsável para conduzir os cuidados. Com a vacinação avançando, podemos avançar também em liberação, ainda mais com jovens vacinados e idosos com terceira dose — acrescenta Neca.
Comemoração simplificada e adiada
No início de 2020, antes da pandemia, o aluguel do local e o DJ já estavam pagos, mas a festa de formatura de Administração Daniele Mazutti, 25 anos, ficou em suspenso com a covid-19. Ela ainda adiou a formatura ao longo de 2020 na esperança de que a pandemia passasse, mas as expectativas foram frustradas.
No mês passado, Daniele se graduou na PUCRS em cerimônia online e, no mesmo dia, celebrou com os pais e a irmã no salão do condomínio para não deixar a conquista passar em branco.
— Eu não queria que fosse só uma pizza em família. Como eu já tinha o suporte da produtora, teve decoração, comida que escolhi, mesa de doses e balão. Foi simples, mas para dar uma ideia de que não vai passar em branco — conta.
Daniele diz que, como a PUCRS oferecerá, na metade do ano que vem, a colação presencial a quem não viveu o momento neste ano, a agora administradora optou por vivenciar a comemoração e a devida festa de formatura, com amigos e familiares em pista de dança, em 2022.
— Desistir da festa nunca foi opção porque é importante para mim. Não é pegar o canudo, mas tudo que passei. Saí no Ensino Médio de Bento Gonçalves, uma cidade superconservadora, me mudei para Porto Alegre, conheci outras pessoas e outras realidades, estudei Psicologia dois anos e meio e aí mudei para Administração. Quero comemorar o que vivi com as pessoas que conheci — reflete.
Daniele, no entanto, afirma que, mesmo se pudesse, não faria a festa de formatura agora:
— Muita gente não tomou a segunda dose ainda, eu mesma. Acho muito cedo.