Depois do fim da extração de cobre, Minas do Camaquã foi palco de diversas tentativas de recuperar sua atividade econômica. Antes da última cartada para vender o patrimônio remanescente da Companhia Brasileira do Cobre (CBC), no começo dos anos 2000, um vídeo distribuído a potenciais empreendedores apresentava o projeto de um "resort histórico". Uma narração acompanhada por música e efeitos especiais vendia o local como opção para o lazer, com imagens de práticas esportivas que iam do bungee jump ao surfe — na verdade, impraticável na região. O negócio poderia ajudar a recuperar a economia da região. Ninguém se interessou.
O Resort Minas do Camaquã integra uma série de tentativas fracassadas de reerguer o local. Esperança de parte dos moradores, a retomada da mineração é uma incerteza. Há mais de 10 anos, a Nexa Resources realiza pesquisas na área da CBC para a instalação de uma mina a céu aberto para extração de zinco, chumbo e cobre. Mas a iniciativa, que dividiu a população local — há questionamentos sobre possíveis riscos ambientais —, ainda tem pendências junto à Fepam. Por meio de nota, a empresa diz que, em 2020, atuará na "análise dos dados e na revisão dos modelos de recursos minerais, sem a necessidade de trabalhos em campo".
Com menos pessoas circulando, os comerciantes assistiram à escassa clientela minguar ainda mais neste começo de ano. Não foi o único baque na última década. Em 2014, as gravações da série Animal, do canal GNT, alimentaram expectativas. Estavam previstas mais duas temporadas do programa, que por três meses levou ao local os atores Edson Celulari e Cristiana Oliveira e uma equipe de quase 150 pessoas. Mas a série não foi renovada.
Na mina desativada, empreendedores locais iniciaram, anos atrás, outro projeto que parecia promissor. Além de realizar visitas na área inundada, que se tornou um lago de coloração azul reluzente em razão da interação da água com os minerais, a Minas Outdoor promovia atividades como mergulho, arvorismo e tirolesa — somente em 2014, foram mais de 2 mil visitantes. Em 2017, porém, a Fepam autuou a CBC por não ter recuperado o passivo ambiental da época da mineração e interditou a área. Pouco depois, a Minas Outdoor encerrou as atividades — ZH tentou contato com os responsáveis, que não atenderam às ligações até a publicação da reportagem.
— A visitação, sem a mina, morreu. Agora chegam os turistas e perguntam: "Como chega na água azul? Cadê a tirolesa?". A comunidade não tem nenhum atrativo — lamenta Luciana Luiz dos Santos, a Tia Lu, dona de um mercado e de uma lanchonete ampliados à espera de uma clientela que nunca apareceu.