O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirmou nesta sexta-feira (4) que 2,7% das famílias brasileiras concentram 19,9% da renda no país. São cerca de 1,8 milhão de famílias que têm rendimento superior a R$ 23.850 por mês.
Considerando que esses domicílios têm, em média, 3,07 pessoas, é como se 20% da massa de rendimento familiar do país ficasse concentrado apenas com as populações de Fortaleza e Salvador.
Na outra ponta, um quarto das famílias (cerca de 69 milhões) recebem menos de dois salários mínimos por mês e se apropriam de apenas 5,47% da renda. Essa classe engloba 44,8 milhões de pessoas, o equivalente à população do Estado de São Paulo.
Os dados são da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada entre os anos de 2017 e 2018 para traçar um perfil das despesas e da renda dos brasileiros. A pesquisa é, entre outras coisas, para definir o cálculo da inflação no país. A última edição foi realizada entre 2008 e 2009.
Na edição atual, o IBGE estima que o rendimento médio das famílias brasileiras é de R$ 5.426,70. Entre as regiões, as famílias do Centro-Oeste têm o maior rendimento médio (R$ 6.772,86). A menor média está na região Nordeste: R$ 3.557,98. No Sudeste, é R$ 8.391,29.
Da renda média brasileira, 57,5% são provenientes do rendimento do trabalho e outros 19,5% vêm de aposentadorias, programas sociais e outras transferências. Uma parcela de 14,5% é considerada rendimento não monetário, que inclui por exemplo produção própria e doações.
Além das desigualdades regionais, o instituto reforça a desigualdade entre classes de renda no país. As famílias que vivem com menos de dois salários mínimos representam 23,9% do total de 69 milhões de famílias brasileiras. São 16,4 milhões de famílias nessa situação, com uma média de 2,72 pessoas por domicílio.
Considerando apenas os domicílios localizados em zonas rurais, que têm rendimento médio de R$ 3.050,49, 42,5% das famílias recebem até dois salários mínimos. O IBGE destaca que 73% das famílias brasileiras têm rendimento de até R$ 5.724 — próximo, portanto, à média nacional. Elas se apropriam de apenas 36,1% do total da renda no país.
A POF divide a população em sete classes de rendimento. A pesquisa divulgada nesta sexta mostra uma diminuição no número de famílias da classe mais alta, que somava cerca de 2,2 milhões quando a pesquisa anterior foi realizada. O número de pessoas por família também era maior: 3,30.
Já na classe mais baixa, que ganha até 2 salários mínimos, houve crescimento 57,8 milhões para os 69 milhões de famílias atuais. Também nesse caso, o número de membros é menor. Em 2008, eram 3,3 por família.