Com 136 garimpos ativos, Ametista do Sul é reconhecida mundialmente pela extração de minerais. As minas encontram-se a cerca de 60 metros de profundidade. Cada frente de trabalho tem, em média, 200 metros de túnel. Hoje, de acordo com a prefeitura, mais de 50% da área central da cidade já foi esburacada por garimpeiros.
A Cooperativa de Garimpeiros do Médio Alto Uruguai (Coogamai) contabiliza 1 mil garimpeiros e proprietários de garimpos ativos no município. Por mês, calcula-se que Ametista do Sul produza cerca de 200 toneladas de pedras semipreciosas. Além de ametistas, são encontradas na região ágatas (calcedônia), gipsita (selenita), calcita, zeolita e quartzo (incolor e róseo), sendo que todas essas substâncias minerais são licenciadas para serem extraídas pelos associados da Coogamai.
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Os principais compradores da produção vêm de China, EUA, Alemanha, Itália, Espanha, Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte e Tailândia. Tudo é negociado em dólar. As divisões de valores seguem normas: 40% do valor de venda da extração fica para o garimpeiro, outros 40% retornam ao proprietário do garimpo e 20% é repassado ao proprietário do solo. O proprietário do garimpo entra com os maquinários necessários para extração e os custos de operação. O garimpeiro entra na parceria com parte do custeio de pequenos insumos, como pólvora, por exemplo.
Natural de Santa Catarina, o agricultor e garimpeiro Valdecir José Pacini, 46 anos, há mais de duas décadas trabalha nas minas durante oito horas diárias, cinco dias por semana. Afirma não desempenhar outra função que não seja garimpar pedras semipreciosas. Desde o início deste ano, ele tem a companhia do filho Gilvane, 20 anos. Estudante de Educação Física, Gilvane foi atraído para o garimpo pela chance de conseguir o dinheiro suficiente para pagar a faculdade em Erval Seco, a 57 quilômetros de Ametista do Sul. Logo no início do trabalho nas minas, encontrou uma pedra que lhe rendeu o pagamento do primeiro semestre.
– Não pretendo deixar o garimpo. A minha formação profissional (em Educação Física) será para complementar a renda que obtenho garimpando – diz Gilvane, orgulhoso por seguir os passos do pai.
Segundo o engenheiro de minas Anderson Oliveira da Silva, da Coogamai, a formação do grande depósito de ametistas, na região e no município de Ametista do Sul, está ligada a vários eventos geológicos que ocorreram ao longo de milhões de anos. Em alta temperatura, a água quente do Aquífero Guarani (área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, que fica a 1 mil metros de profundidade entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina) veio subindo e atravessando os derrames basálticos. Estima-se que sejam pelo menos 27 derrames na região, cada um deles com 40 metros de espessura. Essa subida alterou as estruturas dos basaltos, além de trazer junto grandes quantidades de sílica, gerando o que conhecemos hoje como os geodos de ametista.
Como é o processo de extração
— As entradas dos garimpos estão em encostas de cordilheiras e morros da região, e ficam, em média, a 410 metros acima do nível do mar.
— As extrações são realizadas em galerias horizontalizadas com comprimento médio de 200 metros. Há galerias de mais de 500 metros.
— O processo de extração se inicia com a perfuração das rochas hospedeiras (basalto) onde estão as pedras. Usa-se um martelete pneumático com injeção de água.
— A perfuração é necessária para gerar um espaço vazio. Nesse espaço, é colocada a pólvora caseira, um produto explosivo utilizado para o desmonte da rocha e o avanço da extração das pedras.
— Ao ser avistada na parede da galeria subterrânea, a pedra é retirada após ser feito um corte ao redor dela com um martelete pneumático e também marreta e talhadeira.
— O processo pode levar de um dia a até uma semana, dependendo do tamanho da pedra encontrada.
— A extração criou uma aura de esoterismo no município de 7,5 mil habitantes, que tem recebido cada vez mais visitantes: 7 mil em 2016, 20 mil em 2017, 15 mil em 2018 (até agosto).