Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (29), o padre Fábio de Melo classificou 2017 como um dos anos mais difíceis de sua vida, constituindo-se como uma "explosão de coisas desagradáveis". Dentre os motivos, citou a síndrome do pânico pela qual passou em julho, desencadeada pela morte da irmã no ano anterior.
– Sabe quando você puxa uma pontinha de um novelo que depois você não tem mais como segurar? 2017 foi o ano em que esse novelo se desenrolou. Foi muito confuso para mim administrar emocionalmente tudo isso. Eu tive uma síndrome do pânico horrível em julho, fiquei praticamente 15 dias trancado dentro de casa sem condições de sair da porta. Mas fico muito feliz de saber que foi um ano difícil, mas valeu a pena. Me sinto muito mais inteiro, mais consciente, lúcido – afirmou o padre.
Dentre os pontos positivos em meio a dificuldades, Fábio de Melo destacou o fim de ilusões, como a necessidade de acumular atividades e compromissos devido ao sucesso.
– Isso foi muito libertador para mim, pois quando você se desobriga, você faz o que tem de fazer com mais leveza – disse.
Política e religião
Outro ponto abordado no programa foi a relação entre política e religião nos tempos atuais, tendo como gancho a discussão envolvendo o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelo presidente norte-americano Donald Trump. Em relação ao tema, o padre relatou preocupação quando presencia um cenário em que a política tenta resolver questões religiosas, temendo principalmente a "instrumentalização divina".
– O grande lugar da política é justamente promover a vida social, estabelecer regras de justiça, fazer uma sociedade em que as pessoas se sintam em seus direitos, em seus deveres. É fazer cidadão. A boa política faz bons cidadãos. Se isso passa pela religião, que seja a não impor aos que não creem um modelo semelhante.
No final da entrevista, Fábio de Melo abençoou o programa, desejando aos ouvintes a "benção da boa intenção". Para 2018, o padre pediu o fim de fórmulas mágicas e de "todo pensamento que possa nos fazer regredir como pessoas".