A determinação de exterminar cerca de 300 cervos do Pampas Safari, em Gravataí, continua gerando debate. Devido a suspeita de contaminação por tuberculose, o Ibama teria orientado o sacrifício dos animais. Mas, em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o diretor-presidente da Fundação do Meio Ambiente de Gravataí, Jackson Müller, se manifestou contrário ao abate.
Ibama não descarta novos sacrifícios de animais no Pampas Safari
"Havia um descalabro no Pampas Safari", diz veterinário do Ibama
Ele criticou os órgãos competentes pela fiscalização do empreendimento e rebateu o veterinário do Ibama Paulo Wagner, que classificou como "descalabro" a situação do parque:
– O problema que gerou essas medidas radicais começou em 2007 com o diagnóstico de tuberculose em alguns animais. Em 2012, a doença foi identificada em búfalos e provocou uma intervenção do Ministério Público. O que eu não entendi é: se isso acontecia há anos, por que as medidas só foram tomadas em 2017? Se foi isso que ele encontrou há cinco anos, o que se fez de lá para cá?
Outro ponto questionado por Müller são os dados oficiais sobre a população do local. Segundo ele, ninguém sabe com precisão quantos animais vivem no Pampas, muito menos quais deles estão doentes de fato.
– Nossa proposta é fazer uma intervenção, identificar os contaminados e separá-los para evitar contágio. A partir daí, tomar uma medida proativa, incluindo o abate, se for a solução. Não dá para trabalhar com a ideia de atacado, de exterminar todos se só 40% está doente. Não é aceitável fazer desta forma.
Müller acrescentou que ficou sabendo dos abates pela imprensa e, pelo que apurou, a decisão não teria sido emitida pelo Ibama, mas sim pela Secretaria Estadual da Agricultura e Pecuária. Ele espera que haja bom senso entre as entidades envolvidas para dialogar e tomar as providências necessárias, sem exterminar toda a população animal.