Em meio ao terceiro dia de protestos nas ruas de Maputo após a confirmação da vitória de Daniel Chapo nas eleições presidenciais de outubro, em Moçambique, 1,5 mil detentos fugiram de uma prisão de alta segurança nesta quarta-feira (25).
Os fugitivos aproveitaram a tensão política no país, que enfrenta violentos protestos e confrontos entre opositores do partido governista com a polícia. Chefe da polícia nacional, Bernardino Rafael revelou que "1.534 reclusos fugiram" da Cadeia Central, localizada a 15 quilômetros da capital.
Na fuga "houve confrontos com os agentes penitenciários", resultando em 33 mortos e 15 feridos entre os fugitivos. As operações de buscas levaram à recaptura de 150 foragidos.
Cerca de 30 fugitivos pertencem a organizações jihadistas que nos últimos sete anos vêm aterrorizando a província de Cabo Delgado, no norte deste país do sul da África.
— Foram libertados 29 terroristas que tinham sido condenados e estamos preocupados com esta situação — alertou Bernardino Rafael.
Como ocorreu a fuga
Conforme o chefe de polícia, grupos de manifestantes se aproximaram da penitenciária e criaram confusão, levando a tumultos dentro da instalação. Os presos quebraram uma parede pela qual escaparam.
Nas estradas, barricadas foram erguidas em diversos pontos de Maputo. Os obstáculos permitem aos manifestantes controle sobre os poucos veículos que tentam circular.
Entenda a situação
Na segunda-feira (23), o Conselho Constitucional de Moçambique confirmou a vitória de Daniel Chapo nas eleições presidenciais de outubro. Os resultados são contestados pela oposição, que aponta fraude na contagem dos votos.
Líder da oposição, Venancio Mondlane argumenta que recebeu 53% dos votos, diferentemente dos 24,19% que o Conselho aponta. Ele acusa a Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder, de fraudar as eleições, e desde então fomenta protestos.
Os apoiadores de Mondlane foram as ruas, com manifestações violentas que começaram ainda em outubro. Após a confirmação da vitória de Chapo no último dia 23 de dezembro, os protestos ganharam ainda mais força.
Estima-se que mais de 150 pessoas morreram nos últimos dois meses devido aos confrontos entre manifestantes e policiais. Na terça-feira (24), o governo informou que 21 pessoas tinham morrido, entre elas dois policiais, desde a confirmação da vitória de Chapo.
Nesse período também foram registrados 236 "atos de violência graves", que deixaram 25 feridos, 13 deles policiais, detalhou o ministro do Interior, Pascal Ronda.