Laudos produzidos pela Faculdade de Veterinária da UFRGS em 2012 e por um laboratório veterinário em Porto Alegre em 2014 apontaram para o diagnóstico de tuberculose em animais encontrados mortos no Pampas Safari. Foram observadas lesões causadas pela doença no pulmão de um cervo fêmea com aproximadamente um ano de idade e indícios de tuberculose em lhamas adultas.
"Os animais estavam magros e com anemia. Eram 9 lhamas. No começo de julho morreu um animal, em 23/07 morreu outro, em agosto morreram dois e mais estas duas, totalizando 6. Os animais mortos eram; um macho castrado, um filhote, as demais eram fêmeas adultas. Ainda tem animal doente. Morreram também cervos, que estavam magros e anêmicos", indica um dos laudos a que Zero Hora teve acesso.
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"As lhamas eram alimentadas com ração bovina e cana de açúcar picada. À noite, os animais ficam presos nas baias, de dia, vão ao parque. Vivem no parque lhamas, camelos, cervídeos, capivaras, macacos-prego, zebras", aponta outro trecho do relatório de necropsia feito na UFRGS.
Na quarta-feira (23), surgiu a notícia de que os proprietários do parque decidiram pelo sacrifício de aproximadamente 300 cervos no parque localizado em Gravataí, fechado pelo Ibama em novembro de 2016 por não atender às exigências sanitárias. A decisão foi tomada em julho, em razão da disseminação de tuberculose entre os animais, o que representaria um risco para espécimes sadios e também para a saúde humana.
Conforme o Ibama, 18 animais foram abatidos na semana passada. Na quinta-feira (24), a Justiça do Rio Grande do Sul decidiu proibir, em decisão de caráter liminar, o sacrifício de animais do Pampas Safari. A decisão acolhe uma ação impetrada pela deputada estadual Regina Becker Fortunati (Rede) contra o estabelecimento que mantém os animais em cativeiro.
Haveria cerca de 500 animais no Pampas Safari, e os proprietários teriam optado pelo abate de todos – decisão não acatada pelo Ibama, que quer a realização de testes para avaliar quantos espécimes têm tuberculose e quantos estão saudáveis.
Zero Hora tenta desde quarta-feira (23) entrevistar representantes da família Febernati, a administradora do Pampas Safari, mas não conseguiu contato em nenhum dos telefones e e-mails informados pelo parque em seu site e nos demais números associados a Ivone Febernati e suas filhas.
O Ibama produziu uma nota a respeito do Pampas Safari. Confira a íntegra:
O Pampas Safari Parque de Animais Selvagens, localizado em Gravataí (RS), solicitou o abate de cervos exóticos em razão de contaminação do plantel por tuberculose. O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), estabelecido pela Instrução Normativa (IN) n° 19 de 2016, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), prevê o abate sanitário para evitar disseminação da doença.
Laudos do Laboratório de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comprovaram a existência da epidemia animal, que não foi controlada pelo empreendedor, descumprindo normas dos órgãos ambientais e sanitários.
O abate humanitário é realizado em local licenciado com acompanhamento de veterinários da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul. O encerramento definitivo das atividades do empreendimento é acompanhado por um Grupo de Trabalho formado por representantes do Ministério Público Federal (MPF), das Secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado e do Ibama. O Instituto acompanha a ação com o objetivo de proteger os animais nativos não contaminados, servidores e a comunidade no entorno do estabelecimento.