A festa de aniversário de nove anos de Beatriz Trivelato Simionato, de Barretos, São Paulo, tem por trás uma grande demonstração de generosidade. Durante um mês, a menina, junto de seus pais, organizou uma campanha para arrecadar leite e doá-los a instituições da cidade onde pacientes fazem tratamento contra o câncer, doença já enfrentada por ela em 2012. O resultado foi surpreendente: a família acumulou 5,2 mil litros.
– A ideia foi dela e, neste ano, começamos a organizar as coisas para fazer. Como eu trabalho na área da educação, algumas pessoas me ajudaram a divulgar na escola. Aí, a campanha começou a crescer – contou mãe de Beatriz, a educadora infantil Cintia Cristiane Trivelato, 30 anos, ao Diário Gaúcho .
Desse total, 3 mil litros foram destinados ao Hospital de Câncer de Barretos, onde Beatriz enfrentou o câncer em 2012, quando tinha apenas quatro anos. A outra parte foi dividida entre a Casa Acolhedora Vovô Antônio, o Instituto Bruno Boeira, ambos em Barretos, e a unidade do Hospital de Câncer em Porto Velho, Rondônia.
Luta contra a doença
Segundo Cintia, Beatriz foi diagnosticada aos quatro anos com três linfomas de Burkitt. Tudo começou quando a menina passou mal na escola. Depois de buscá-la, a mãe deu banho na filha e percebeu que a barriga da menina estava muito inchada.
– O pediatra deu medicação para vermes. Ela ficou dois dias em casa e não melhorou. Levei de novo ao médico, e ele fez uma tomografia. Deu pra ver que o fígado tinha aumentado muito e que tinha bastante água no abdome, mas não deu pra ver tumor – lembra-se Cintia.
No outro dia, Beatriz foi submetida a um ultrassom, a partir do qual o médico constatou a presença de um tumor. Mais tarde, no Hospital de Câncer de Barretos, o caso piorou. Depois de realizar novo exame, descobriu-se que, na verdade eram três tumores malignos e agressivos.
Apesar do baque, Beatriz reagiu bem ao tratamento. Graças a isso, a batalha contra o câncer durou durou três meses em vez dos nove previstos.
– Ela não perdeu peso, não teve machucados na pele, reagiu muito bem. É o que falam: o único remédio contra o câncer é o diagnóstico precoce – conta Cintia, lembrando que os tumores foram descobertos cerca de 15 dias após o surgimento.
Boa ação e futuro
A ideia de doar leite, que partiu de Beatriz, tem uma razão simples, conforme a própria menina.
– Eu gostava muito de leite quando estava no hospital – conta. E a mãe corrobora: – Ela quis doar leite porque foi algo de que ela se lembrou. Ela sempre queria tomar leite – diz Cintia.
No ano que vem, Beatriz, que está no terceiro ano do Ensino Fundamental, planeja seguir com os superpresentes. Só que, em vez de leite, quer doar brinquedos, porque se "divertia muito" com eles no hospital.
A menina, aliás, não está focada apenas na boa ação do próximo ano. Ela sonha alto e quer ir mais longe, quando adulta.
– Quero ser médica, salvar vidas –projeta.