Mesmo adiada, a 32ª edição da Festa da Uva já tem, ao menos, duas pré-candidatas ao título de rainha. Como de costume, na metade do ano que antecede a festa, entidades de Caxias do Sul escolhem suas representantes e iniciam a preparação rumo ao título. Neste ano, se o evento não fosse transferido para 2019, as inscrições começariam neste mês e a definição do novo trio representante já ocorreria em meados de setembro. Com a mudança, a Comissão Comunitária definiu que a escolha vai acontecer em maio de 2018. As inscrições serão de 16 de outubro a 16 de dezembro deste ano.
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Antes de ser cogitado o adiamento, a comunidade de Forqueta, distrito com forte ligação na produção da uva e do vinho, já havia escolhido e inciado a preparação da sua candidata: Maiara Perottoni, 25 anos, já estava pronta para concorrer. Ela é a atual rainha da Festa do Vinho Novo, que ocorre no bairro e que tradicionalmente lança a soberana ao concurso da Festa da Uva.
– Quando recebi o título na minha comunidade, já sabia que o próximo passo era me candidatar à soberana da nossa maior festa. Então, eu já estava preparada para esse momento. Agora, vamos seguir com o trabalho, esperando ansiosamente pelo dia do concurso. Todo tempo é válido – afirma ela, que desde 2016 busca por mais conhecimento sobre a história da cidade e da Festa da Uva.
Porém, além de saber que o tempo a mais pode lhe ajudar na disputa pela coroa, a candidata considera que o adiamento pode prejudicar o turismo de Caxias.
– É uma lástima pela questão cultural e de projeção da nossa cidade. Mas, é difícil julgar a decisão, pois acredito que foi algo pensado e definido com alguma razão forte. Me entristece porque parece que perdemos um ano de mobilização e de divulgação do que hoje é a nossa maior vitrine fora daqui – explica Maiara.
Assim como Forqueta, Ana Rech também já tem uma pré-candidata ao título de rainha da Festa da Uva. Martina Bozza foi escolhida ainda em outubro do ano passado em um evento organizado pela Associação Amigos de Ana Rech (Samar). O presidente da entidade, Alberto de Sales, diz que a escolha da representante sempre é feita meses antes da abertura das inscrições para o concurso para que ela possa ser preparada. Com a realização da celebração em 2019, nada mudará no roteiro de preparação, que inclui aulas com uma embaixatriz e uma ex-soberana da Festa, segundo Sales:
– Já conversamos e chegamos a conclusão de que ela é uma privilegiada: terá um ano de preparação! Ficará mais ansiosa, obviamente, mas será muito bem treinada.O tempo de preparo da pré-candidata, no entanto, é o único ponto positivo no adiamento da 32ª edição, de acordo com o presidente da Samar. Ele lamenta a decisão tomada pela nova gestão da Festa da Uva e garante que Ana Rech perderá muito, principalmente na área turística.
– Festa da Uva é como festa de Natal: ela precisa acontecer, as pessoas esperam por ela. Muitos estão se programando para vir conhecer a região, sei de quartos em hotéis daqui que já estão reservados para o período da Festa. É uma lástima ela não acontecer em 2018 – diz.
Soberanas torcem pelo sucesso da Festa da Uva
Se a Festa da Uva não tivesse sido adiada para 2019, a rainha Rafaelle Galiotto Furlan e as princesas Laura Denardi Fritz e Patrícia Piccoli Zanrosso estariam quase se despedindo do reinado, que começou em 2015. As inscrições para o concurso que elegerá o novo trio abririam neste mês, mas agora só começam no dia 16 de outubro. As três, em coro, lamentam a decisão tomada pela presidente da Comissão Comunitária, Sandra Randon, mas garantem que, enquanto puderem, ajudarão na divulgação e torcerão pelo sucesso da celebração mais famosa de Caxias.Para a rainha Rafaelle, a Festa tem como principal objetivo integrar a comunidade e perpetuar a cultural local. Por isso, torcia para que o boato de que o evento não seria realizado não se concretizasse:
– Foi com muito esmero, criatividade e vontade de desenvolver a nossa região, em um período de dificuldade, que Joaquim Pedro Lisboa fez da Festa da Uva o incentivo principal ao nosso vitivinicultor e produtor rural, como forma de melhoria dos produtos e de projeção nacional para os trabalhadores. Lamento saber que teremos a quebra desta tradição em 2018.
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Laura também afirma que ficou triste com o adiamento e lembra que a união e o trabalho voluntário da comunidade é o que fazem a Festa ser bonita e um sucesso a cada edição.
– Nos entristece saber que a edição 2018 não ocorrerá, mas fica o desejo de que o mesmo amor e dedicação que fizeram da edição 2016 a maior de todos os tempos também façam a próxima ser um sucesso – espera a princesa.
A frustração dos trabalhadores que produzem o ano inteiro para vender na Festa da Uva e dos turistas que se programam para visitar Caxias a cada dois anos estão entre as preocupações de Patrícia. Para ela, a crise econômica não deveria ser um obstáculo.
– A crise é feita pelas pessoas que acreditam nela, que se deixam abater antes mesmo de tentar! O imigrante venceu todos os obstáculos e fez de Caxias do Sul uma das cidades mais importantes do Estado e é isso que devemos levar em consideração no momento de pensar na realização da Festa Nacional da Uva. Devemos buscar pessoas para dialogar, buscar alternativas e realizar.
As inscrições para o concurso que elegerá o novo trio de soberanas ocorre de 16 de outubro a 16 de dezembro. A escolha será dia 19 de maio de 2018.