Na segunda-feira, a Lua estará tanto em sua fase cheia quanto no ponto em que se encontra mais perto da Terra, o que a tornará uma "superlua". A ocasião tem algo de especial: será a menor distância lunar desde 1948, um encontro entre os astros que não acontecerá novamente assim, de tão perto, até 2034.
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Acompanhar a maior aproximação da Lua em quase 70 anos talvez pareça fazer da observação do céu, já a partir da noite deste domingo, um evento magnífico. Mas a ocasião não é tão rara e imponente como o epíteto "super" faz parecer.
Todo mês, nosso satélite natural chega ao perigeu, o ponto mais próximo de sua trajetória elíptica em torno da Terra, e a cada 13 ciclos esse momento acontece quando a Lua está cheia. Ou seja, há superluas praticamente todo ano. O que torna a aproximação do dia 14 especial é que o satélite vai passar à sua fase cheia apenas cerca de duas horas depois de atingir a aproximação máxima da Terra.
Por isso, tem até quem a esteja chamando de "super-superlua". Mas, se você está esperando que um gigantesco globo branco tome conta do céu na segunda-feira, é melhor reduzir as expectativas. Em primeiro lugar, porque o ápice do evento acontecerá em pleno dia no Brasil. À noite, será possível vê-la, claro, mas não no seu auge. E, em segundo lugar, porque esse "super" significa apenas que o satélite parecerá 14% maior do que quando está no seu ponto mais longe da Terra. Não é muito, na avaliação de especialistas, para algo que está a 356 mil quilômetros de distância.
Quem não tem o costume de olhar a Lua pode até ficar condicionado a achá-la exuberante quando estiver em seu ponto mais próximo da Terra. Mas observadores contumazes do espaço pouca atenção dão ao evento.
– Quando me perguntam sobre a superlua, costumo ser um portador de más notícias. As pessoas acham que é o grande evento astronômico do ano, mas não é nada disso. Há uma exacerbação do tema – avalia Marcelo Bruckmann, técnico do observatório astronômico da PUCRS. – Mesmo assim, vale observá-la. Todo momento que se consegue olhar para o céu é válido.
Bruckmann sugere um teste. Quer ver o quanto a Lua estará aparentemente maior? Estique o braço e coloque um dedo sobre ela na noite desta sexta-feira. Veja com quanto de seu dedo você consegue cobri-la. Refaça o teste, no mesmo local e horário, no dia da superlua. O tamanho mudou?
– A Lua pode estar mais brilhante no céu, mas na cidade é difícil perceber a diferença. O diâmetro aparente dela também aumenta, mas é relativamente pouco. E isso acontece com frequência: há períodos em que a Lua se aproxima, há períodos em que se afasta. A superlua é só uma coincidência, quando ela está cheia no momento em que chega ao perigeu – aponta Claudio Bevilacqua, diretor do Observatório Astronômico da UFRGS.
Conforme a Nasa, a agência espacial norte-americana, a diferença na luminosidade do satélite pode ser facilmente mascarada por nuvens ou pela iluminação urbana. Sem um ponto de referência no céu, fica difícil perceber a aparente mudança no diâmetro. A superlua, portanto, pode parecer uma Lua cheia como qualquer outra. Se quiser vê-la, o início da noite de segunda deve ser o melhor horário, mas dá para se antecipar observando-a no domingo. Torça por tempo bom, para que o astro da noite não fique escondido.
FOTOS: a superlua pelo mundo