Os cinco dias em relação a fevereiro e os reflexos da coronavírus e da falta de componentes no começo de 2022 facilitaram os resultados positivos de março e do primeiro trimestre do ano para o setor automotivo.
A produção, a venda e a exportação cresceram apesar da paralisação de oito fábricas, dois cancelamentos de turno e a redução do movimento nos concessionários. A defasagem ao período anterior à pandemia supera os 20%.
As montadoras, os concessionários e os fornecedores sentiram os efeitos dos juros altos, da restrição ao crédito e do endividamento das famílias que comprometeram as vendas em março. As baixas bases de fevereiro e do primeiro trimestre de 2022 permitiram o crescimento da produção e venda, apesar dos problemas.
A produção de 221.835 veículos cresceu 37,3% na comparação com fevereiro e 20% sobre o mesmo período do ano anterior. Foram 207.552 automóveis e comerciais leves, + 36,4% sobre fevereiro e 22,9% na comparação com igual período de 2022.
O resultado acumulado do primeiro trimestre do ano cresceu 8% com 536.019 veículos dos quais 507.507 foram automóveis e comerciais com aumento de 11% em relação ao mesmo período de 2022.
A venda de 171.427 veículos cresceu 52,5% na comparação com fevereiro e 32,8% sobre o mesmo mês de 2023. Foram emplacados 159.870 automóveis e comerciais leves, mais 55,2% em relação a fevereiro e 35,5% com igual mês do ano passado.
O resultado acumulado do trimestre foi 14,6% positivo com 406.283 unidades. Foram 373.739 automóveis e comerciais leves. O saldo de janeiro e fevereiro foi positivo: 5,4% com 272.801 registros.
A produção de 12.325 caminhões em março cresceu 51,7% sobre fevereiro, mas caiu 8,9% na comparação com o mesmo mês de 2022. Já ônibus foram 1.958 unidades, mais 53,6% sobre fevereiro e 19,15% na comparação com março do ano passado. No primeiro trimestre foram vendidos 26.328 caminhões, mais 2,5% e 6.216 ônibus, mais 87,1%.
Mercado externo
A exportação continuou positiva com a média diária de 1.900 unidades de fevereiro. O embarque de 44.633 veículos, mais 29,3% em relação ao mês anterior e aumento de 14,8% sobre o mesmo período de 2022. O valor é de US$ 1.118.571 bilhão com o crescimento de 18,6% sobre fevereiro e 32,6% em relação a março de 2022.
Em 2023, foram embarcados 67.361 veículos, menos 2,6% na comparação com o ano anterior. Os valores acumulados no trimestre somam US$ 1,651 bilhão, mais 28,5% sobre a soma de igual período de 2022.
O estoque cresceu em março e passou para 203,9 mil unidades. Foram 131,6 mil veículos nos concessionários e 72,3 mil nas montadoras. Correspondeu a 31 dias, sendo 20 nas lojas e 11 nos pátios das fábricas.
— Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022 — lembrou o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite.
Produzimos mais do que um trimestre que foi o pior em termos de volumes desde 2004.
MÁRCIO DE LIMA LEITE
Presidente da Anfavea
O executivo destacou que a diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda. Lembrou que há novas paralisações anunciadas para abril.
Lima Leite reiterou que a situação seria pior se não fossem as boas vendas para locadoras em março que corresponderam a 28% do total. Destacou ainda que essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar os volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado.