O setor automotivo continua patinando. O resultado de junho acompanhou o desempenho negativo do semestre com queda na produção e na venda. Apenas a exportação cresceu. As linhas de montagem tentaram acelerar mas a falta de componentes, em especial semicondutores, retardou a retomada no primeiro trimestre, o que só ocorreu nos últimos três meses. Fato que levou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) rever as previsões para o fechamento do ano, com leve crescimento em relação a 2021 na produção e licenciamento e aumento significativo na exportação.
Em junho, a produção de 203,6 mil veículos superou os 200 mil pela segunda vez no ano.
A queda foi de 1,1% na comparação com maio e mais 2,5% sobre o mesmo mês em 2021.
No ano foram produzidos 1,092 milhão de unidas e queda de 5% em relação aos primeiros seis meses do ano passado. No segundo trimestre, o crescimento foi de 20%.
Infelizmente esse é um fenômeno global, com números de queda muito semelhantes aos dos principais mercados do planeta
MÁRCIO DE LIMA LEITE
Presidente da Anfavea
A falta de veículos refletiu na venda. Em junho foram emplacados 178,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, 4,8% menos em relação a maio e de 2,4% sobre junho de 2021.
A média mensal de vendas se manteve em 8,5 mil unidades, mesmo volume de maio.
No resultado acumulado do ano, o tombo foi de 14,33% com 917.941 registros.
O melhor resultado do setor automotivo no semestre ficou com a exportação. Com a crise na Argentina aumentaram os embarques para países como Colômbia, Chile, Peru, México e Uruguai. Em junho foram exportados 47,3 mil veículos, o melhor resultado mensal desde agosto de 2018, mais 2,7% sobre maio e 41,2% sobre o mesmo mês em 2021. Em valores, foi US$ 1 bilhão, 6% a mais em relação a maio e 68,1% no comparativo com o ano passado.
No semestre foram embarcadas 246 mil unidades, com o aumento de 23% sobre igual período de 2021. Em valores, foram US$ 4,9 bilhões com crescimento de 33,7%.
Os estoques aumentaram de 123,9 mil veículos em maio para 145,5 em junho, dos quais 102,2 mil nos concessionários e 43,3 mil nas montadoras. Os carros nos pátios correspondem a 24 dias de produção, sendo 17 mil nas lojaes e sete mil nas montadoras.
Caminhões e ônibus
A produção de 13,4 mil caminhões caiu 4,1% sobre maio e 8,7% em relação ao mesmo mês de 2021. No ano, a montagem cresceu 3,9% com 71,8 mil unidades. O emplacamento de 11 mil unidades aumentou 5,6% sobre maio e caiu 3,5% na comparação com o mesmo mês de 2021. No ano, foram registrados 57,6 mil unidades, menos 1,9% do que no mesmo período do ano passado.
Em junho foram produzidos 3 mil caminhões, menos 0,7% na relação com maio e mais 84,4% sobre o mesmo mês do ano passado. No semestre foram mantados 13,3 mil veículos de transporte coletivo, aumento de 26,1% em igual período de 2021.
No mes passado foram registrados 1,4 mil ônibus, menos 3,6% sobre maio e menos 1,8% em relação ao mesmo mês de 2021. No ano, foram vendidos 7,2 ônibus com queda de3% sobre igual período do ano passado.
Novas projeções
O impacto das restrições de produção, a elevação da inflação e dos juros e as dificuldades ao acesso de crédito levaram a Anfavea fazer novas projeções menos otimistas para o fechamento do ano. A nova expectativa é da produção de 2.340 mil unidades, alta de 4,1% sobre 2021. A venda interna deverá avançar 1% com 2,140 mil registros. Já a exportação deverá ter o melhor resultado com 460 mi e o crescimento de 22,2% na comparação com 2021.