Os reflexos da pandemia do coronavirus continuaram comprometendo a economia brasileira atingiram forte o setor automotivo. A situação foi agravada pela falta de componentes eletrônicos, aumentos de preços de insumos e de custos logística. A produção e venda de veículos caíram e a exportação aumentou. O resultado acumulado do ano foi negativo nos três segmentos.
A produção de 197, 7 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus caiu 1,3% em relação a janeiro e 3,5% na comparação com o mesmo mês de 2020. Os 167,4 mil registros caíram 7,2% sobre janeiro e 16,7% comparado com fevereiro de 2020. Exportação foi o único segmento que cresceu com 33,1 mil unidades e mais 3,2% sobre janeiro e 12,25% no comparativo com igual período do ano passado.
O resultado acumulado do bimestre praticamente ficou estável com o tímido crescimento de 0,2% na produção com 396,7 mil unidades, menos 14,2% na venda com 338,5 emplacamentos e mais 0,2% na exportação com o embarque de 58,1 mil veículos.
A produção de janeiro teve pior resultado desde 2016 e a venda desde 2018 conforme os dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Autores) nesta sexta-feira (5).
Os estoques de veículos nas fábricas e nas concessionárias oi de 97.8 mil unidades, suficientes para 18 dias, e muito baixo em relação aos níveis pré-pandemia, de 30 a 40 dias de estoque.
Faltam componentes
As linhas de montagem trabalham parcialmente e algumas montadoras até anunciaram a suspensão da produção. Algumas usaram até helicóptero para o transporte de componentes e manter a produção. A falta de alguns modelos, inclusive a suspensão de atendimento aos frotistas, provocou a queda nas vendas.
Moraes aponta também a fragilidade estrutural do ambiente de negócios no Brasil, que reduz a competitividade em nível internacional, e que não vem sendo devidamente atacada pelas várias esferas do poder público.
Tudo isso gera um horizonte absolutamente nebuloso para o planejamento estratégico das empresas, e isso vale para todos os setores da economia.
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
O risco de novas interrupções de produção na indústria de veículos é permanente para Moraes, justificando que nem todos fornecedores têm a mesma velocidade. Um dos principais problemas é com os semicondutores.
Aos problemas gerados pelo desabastecimento de produtos e pela logística, o presidente da Anfavea a acrescenta as consequências da pandemia na economia e a pressão de custos que em algum momento será repassado aos preços dos veículos. Aço, borracha, plástico e resina estão entre os produtos com maior aumento. Apesar das dificuldades, as montadoras estão produzindo..
- Vamos ter bastante emoção na produção até o fim do ano - garantiu Moraes.
- Muitas das nossas montadoras trabalharam até durante o Carnaval para tentar recompor os baixos estoques e compensar alguns atrasos e paradas por falta de insumos, mas ainda há muita dificuldade de retomar o ritmo normal de funcionamento das fábricas” - explicou o Presidente Luiz Carlos Moraes
A entidade dos fabricantes mantém a previsão de crescimento de 15% neste ano em relação a 2020. Para Moraes, o primeiro bimestre não serve de termômetro para o desempenho do ano pois é geralmente o que tem menor ritmo de negócios, mas aponta elementos que aumentam a preocupação do setor automotivo.
“Temos duas crises se agravando. A sanitária é a que mais preocupa, pois vem ceifando cada vez mais vidas de brasileiros. A crise conjuntural, consequência da primeira, vem desorganizando toda a cadeia global de fornecimento e provocando gargalos e paradas cada vez maiores nas fábricas.
Combate à pandemia
As montadoras estão cumprindo os protocolos de prevenção e as fábricas são seguras, garantiu o presidente da Anfavea. "Vemos menos risco dentro das fábricas do que em outros lugares Trabalhamos com padrão de excelência nos cuidados sanitários".
A gente precisa ter uma meta ambiciosa de imunização, com um sistema estruturado e todos trabalhando na mesma direção
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente da Anfavea
O ritmo lento da vacinação no Brasil preocupam a Anfavea que defende aceleração no programa de imunização e a volta de economia a níveis aceitáveis.
Em fevereiro, a entidade aderiu em fevereiro ao movimento Unidos Pela Vacina, liderado pela empresária Luiza Helena Trajano.
A proposta é ajudar para que toda a população seja vacinada até o fim de setembro.