A recuperação do setor automotivo acompanha a retomada da economia brasileira e a lenta redução do impacto da pandemia do coronavírus. A produção, venda e exportação de veículos cresceram em setembro, mas o resultado acumulado do ano despencou mais de 40%. A produção de 220.162 veículos em setembro cresceu 4,4% na comparação com agosto. Os registros avançaram 13,3%, com 207.710 unidades licenciadas, e as exportações aumentaram 8,5%, com o embarque de 30.519 veículos.
Setembro foi o melhor mês do ano, mas o pior setembro desde 2016.
Na comparação com o resultado acumulado de 2019, foi o pior desde 2003.
A produção caiu 41,4%, a venda, 13,3%, e a exportação, 32,3%. A média diária de produção foi de 9,9 mil veículos, contra 11,2 mil em 2019. Os estoques na indústria correspondem a quatro dias de produção e na rede, de 20.
Previsões revistas
Apesar da recuperação dos últimos meses, as novas projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam fortes quedas em todos os indicadores. A estimativa da produção de 3,1 milhões de unidades, feita em janeiro, foi revista para 1,915 milhão, 35% menor em relação a 2019 e a pior desde 2003. A venda prevista de 1,925 milhão de unidades cairá 31% e será menor desde 2005. A exportação, de 284 mil unidades, despencará 34% com o pior volume desde 1999.
Ao comentar o desempenho do setor, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, considerou que o resultado atual não deixa de ser um alívio diante do quadro vislumbrado no começo da pandemia e resultado da injeção de recursos pelo governo federal por meio do auxílio emergencial, que fez a economia girar de forma mais rápida do que o esperado.
Mesmo assim, teremos uma queda dramática de todos os resultados da indústria em 2020, ainda que o último trimestre seja razoável como foi o terceiro.
LUIZ CARLOS MORAES
Presidente Anfavea
Moraes ponderou que se por um lado há sinais positivos, como a redução dos casos de covid-19, o alto interesse pelo transporte individual e o tradicional aquecimento do mercado no fim do ano, por outro há riscos como a redução do auxílio emergencial, a queda no nível de renda, a alta do desemprego e o aumento da inflação.
Para Moraes, no fim do ano, o número pode ser um pouco maior ou um pouco menor, mas, de qualquer forma, a redução será grande.