* Publicado no blog Gilberto Leal em 18 de julho de 2016
Em 15 de julho de 1941 nasceu um veículo que foi protagonista da Segunda Guerra Mundial. Há 75 anos o exército dos Estados Unidos assinava o contrato com a Willys-Overland para o fornecimento de um novo carro leve de reconhecimento, que era conhecido como Jeep. O nome foi registrado e o pequeno 4×4 militar passou a ser vendido para o público civil, originando uma linha de veículos que se tornaria uma marca presente em todo o mundo, inclusive no Brasil. Responsável por vários pioneirismos como a criação do segmento de veículos 4×4, dos conceito de utilitários esportivos (SUV) com tração nas quatro rodas e de luxo e ainda da reinvenção do segmento com os compactos.
Para servir ao exército norte-americano, o primeiro Jeep foi desenhado e criado para testes em apenas 49 dias pela American Bantam Car Company. Sua versatilidade foi provada pelos aliados nas frentes de batalha na Europa como Willys MB (M de militar e B por ser o segundo projeto) que teve 645 mil unidades produzidas entre 1941 e 1945. Não por acaso, para o general Dwight Eisenhower, o Jeep, o (avião C-47) Dakota, e o porta-aviões foram as três ferramentas que venceram a Segunda Guerra Mundial. A origem do nome Jeep é polêmica, Poderia ter derivado da pronúncia inglesa das letras GP, a sigla para General Purpose (uso geral). Mas a teoria mais aceita é de que o nome originou de um personagem de histórias em quadrinhos chamado Eugene the Jeep, da turma do Popeye. Criado em 1936, ele podia fazer qualquer coisa e ir para qualquer lugar.
O termo Jeep relacionado ao veículo foi usado pela primeira vez publicamente por Katherine Hillyer no jornal Washington Daily News, em 16 de Março de 1941. Durante entrevista, alguém perguntou ao piloto de teste da Willys Irvin Hausmann como ele chamava aquele veículo e ele respondeu: It’s a Jeep! Encerrada a guerra, milhares de Jeep ficaram em diferentes países do mundo, o que contribuiu para presença global da marca. Com poucas modificações, ainda em 1945, a Willys transformou o MB no CJ-2ª no primeiro veículo liberado pelo Exército dos EUA para produção civil.
O símbolo da marca Jeep, a grade frontal de sete aberturas verticais, surgiu em 1945 com o CJ-2ª. O modelo militar MB tinha nove fendas frontais. Para colocar os faróis maiores foi preciso diminuir a grade dos carros. Já a banda de rodagem dos pneus do Jeep MB foi feita de forma simétrica, para que quem olhasse o rastro deixado não soubesse para qual direção o carro estava seguindo. Como carro civil, por sua versatilidade e durabilidade o jipe passou a ser usado por fazendeiros, quando ficou conhecido como o AgriJeep, pela tomada de força que permitia compartilhar o movimento do sistema de transmissão a um implemento agrícola.
O Jeep desembarcou no Brasil, pelo Rio de Janeiro, na década de 1940. A família Jeep cresceu com a chegada da primeira picape, que também foi produzida no Brasil entre 1962 e 1982, e posteriormente por outras caminhonetes. Pela dificuldade de produzir novas estamparias, a Willys Wagon, surgido em 1946, foi desenhado para que as chapas da carroceria pudessem ser feitas por fornecedores de estamparias de geladeiras. O tamanho das estampas e a quantidade de curvaturas e de profundidade foram limitados. Além disso, o painel das portas era oco. Em 1949, a Wagon foi a precursora do utilitário esportivo 4×4 e o primeiro com a carroceria em aço. Em 1952 surgiu outro modelo militar, o M-38A1 (ou MD) que depois originou a geração civil CJ-5. Produzido em diversos países e também no Brasil entre as décadas de 1950 e 1980.
O primeiro passeio para donos de modelos da Jeep pela antiga trilha Rubicon, nas Montanhas Rochosas do norte da Califórnia, foi organizado em 1953. Foi o embrião da Jeep Jamboree, empresa que promove passeios pelas principais trilhas fora de estrada dos EUA. Em 1954, o Jeep CJ-3B começou a ser montado pela Willys-Overland do Brasil, em São Bernardo do Campo (SP). A Willys Wagon, aqui chamada de Perua Jeep, originou a Rural, montada no país em 1956, com o design do modelo americano.