A Volkswagen anunciou no dia 13 de setembro o encerramento da produção do New Beetle, a versão reestilizada do Fusca. Para a indústria automotiva, é o fim do ciclo do carro mais famoso de todos os tempos. Mas a paixão pelo carro lançado há 83 anos jamais terá fim. Afinal, foram mais de 22 milhões de unidades vendidas em dezenas de países. O veículo popular conquistou milhares de fãs, que se reúnem em duas centenas de clubes de fusqueiros. Para marcar este momento histórico, entrevistamos o presidente do Porto Alegre Fusca Clube, o músico Luís André da Rocha, 47 anos, morador do bairro Aparício Borges, em Porto Alegre.
"Meu carro é o Fusca"
Luís André tem dois Fuscas. Duas relíquias. O bordô é de 1970, o branco, modelo 1982. Ainda que sejam seus xodós, eles não ficam na garagem. É com eles que o músico encara o trânsito. Até tem uma moto, mas para alguns circunstâncias apenas:
- Meu carro é o Fusca. Seguidamente me param para tirar foto do veículo. Me orgulho disso.
O veículo mais antigo, da primeira série do ano de 1970, com motor 1.3 a gasolina, foi comprado em 21 de outubro de 2013. Luís André tem a data na memória.
- Sou o segundo dono dele. Comprei e reformei, especialmente a parte externa. Já me perguntaram quanto eu quero para vender. Digo que ele não está a venda... É uma paixão que não se negocia.
O músico é um entusiasta do Fusca _ o clube tem encontros semanais e mensais, além de eventos específicos durante o ano, como feiras e exposições. O Porto Alegre Fusca Clube é filiado a Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), que tem permissão de conceder a honraria das placas pretas. São cerca de 70 participantes. Às sextas-feiras, eles se reúnem a partir das 20h no estacionamento sob o viaduto Dom Pedro I, na Avenida Borges de Medeiros, esquina Avenida José de Alencar, em frente ao Parque Marinha do Brasil.
História em fatos e números
- O Fusca nasceu a pedido do ditador alemão Adolf Hitler. Segundo historiadores europeus, o líder nazista queria melhorar a imagem de seu país e apostava na criação de um carro popular, que pudesse ser comprado por boa parte das pessoas. O projeto foi encomendado para o engenheiro austríaco Ferdinand Porsche.
- Foram três anos de trabalho até o lançamento em 1935. O nome escolhido foi Volkswagen (carro do povo, em alemão), que anos depois virou o nome da empresa. Tinha cinco lugares (Hitler queria espaço para um casal e três crianças) e contava com motor refrigerado a ar, sistema elétrico de 6 volts e câmbio de quatro marchas.
Por exigência do ditador nazista, o carro deveria ser capaz de atingir 100 km/h sem ultrapassar o consumo de 13 km/litro de combustível. Por fim, seu preço deveria ser menor do que mil marcos imperiais (ou o valor de uma boa motocicleta na época). Uma espécie de consórcio atraiu 175 mil alemães nos primeiros dias.
- Em 26 de maio de 1938 foi inaugurada oficialmente a primeira fábrica do carro que seria o mais popular do mundo. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, sua produção foi interrompida. Em agosto de 1945, um grupo britânico assumiu a fábrica. Em 1948, começou a exportação. Os Estados Unidos foram os primeiros a conhecer o Fusca. Os Fuscas chegaram ao Brasil em 1950, virando sucesso absoluto. A fabricação nacional começou em 1959, sendo o mais vendido até 1982. A produção parou em 1986. Depois, com o presidente Itamar Franco, teve uma sobrevida entre 1993 e 1996.
- Com um número recorde de 21.529.464 unidades produzidas, o Fusca é o carro mais vendido no mundo, mantendo basicamente o mesmo projeto. O Fusca só perde seu posto de veículo produzido por mais tempo para a Volkswagen Kombi. Vale lembrar que o último Fusca foi feito no México em 2003 (a contagem não considera o New Beetle, cujo fim da produção foi anunciada na semana passada).
- Atualmente existem 205 clubes de "fusqueiros" registrados no país, sendo 94 na região Sudeste, 76 na Sul, 22 no Nordeste, 12 na Centro-Oeste e um no Norte.