O número de pessoas que insiste em dirigir e ao mesmo tempo mexer no celular para trocar mensagens e analisar as mídias sociais é tão grande que a Nissan criou um compartimento que, embora mantenha o aparelho ligado e conectado, impede que ele vibre ou emita sons típicos de chegada de mensagens e outras ações. Para executar o serviço, os japoneses usaram uma técnica criada há mais de 180 anos.
Por enquanto, só será usado na Inglaterra, mas a tendência é que se expanda para todos os mercados onde a fábrica atua. O conceito Nissan Signal Shield tem agora um compartimento embutido no apoio de braço de um Nissan Juke. Ele é revestido com sistema denominado Gaiola Faraday, invenção datada de 1836 na própria Inglaterra (leia mais ao final).
Quando o dispositivo móvel é colocado dentro do compartimento e a tampa é fechada, uma zona de silêncio é criada e bloqueia todas as conexões de celular, bluetooth e wi-fi do telefone, tanto para envio como para recebimento. Clique aqui para ver seu funcionamento em vídeo.
O conceito foi projetado para que os motoristas possam escolher se querem eliminar as distrações causadas pelas inúmeras mensagens de texto, notificações de redes sociais e alertas de aplicativos, que disparam constantemente nos aparelhos. Isso tem se tornado um problema crescente, pois o número de motoristas que admite manusear o celular ao dirigir aumentou de 8% em 2014 para 31% em 2016, de acordo com o Automóvel Clube Britânico (RAC).
Em pesquisa, os usuários disseram que sentem-se constantemente tentados a checar mensagens de texto e notificações assim que elas aparecem na tela do celular, mesmo quando estão dirigindo. Pesquisas realizadas pela própria Nissan mostraram que praticamente um a cada cinco motoristas (18%) admite já ter enviado mensagens de texto enquanto dirigia.
A exemplo da grande maioria das fábricas de automóveis, a Nissan equipa seus veículos com bluetooth e outras formas de conectividade, o que permite que os motoristas realizem e recebam ligações. Para restaurar as conexões sem fio do celular, basta abrir o compartimento do apoio de braço – o que pode ser feito sem tirar os olhos da via e sem precisar tocar no celular. O telefone será reconectado à rede móvel e ao sistema de bluetooth do veículo.
– O uso do celular ao volante é uma preocupação crescente tanto para a indústria automobilística como para a sociedade. O Nissan Signal Shield apresenta uma solução possível para que os motoristas tenham a opção de eliminar todas as distrações do smartphone enquanto dirigem – afirmou o diretor geral da Nissan Grã-Bretanha, Alex Smith.
Pete Williams, porta-voz do Automóvel Clube Britânico (RAC), comentou que, de acordo com pesquisa feita pela entidade, o uso de dispositivos móveis por motoristas "alcançou proporções epidêmicas":
– Muitas pessoas acabaram se tornando viciadas em seu uso. Entretanto, constitui uma distração física e mental, sendo considerada infração desde 2003. O Nissan Signal Shield é um bom exemplo de tecnologia que pode ajudar os motoristas a fazerem uso mais racional do celular."
E por que não simplesmente desligar o celular ao enrtar no carro? De acordo com as pesquisas inglesas, os usuários disseram que não o fazem caso precisem fazer alguma ligação de urgência e, também, porque temem esquecer, ao sair do carro, de ligar o aparelho e, assim, ficarem desconectados do mundo.
Que gaiola é essa
Em 1836, Michael Faraday observou que a carga excedente em um condutor carregado ficava somente em seu exterior e não tinha influência em qualquer coisa em seu interior. Na frente de várias incrédulas testemunhas, ele fez uma gaiola de mais ou menos 2x2 metros e colocou nela um isolante. Dentro dela, colocou uma cadeira de madeira e sentou-se. Em seguida, um ajudante, com auxílio de um gerador, disparou várias descarga elétricas. Nada aconteceu ao cientista, que provou que um corpo dentro da gaiola poderia permanecer lá, isolado e sem levar descarga elétrica, pois os elétrons se distribuem somente na parte exterior da superfície.
Chamado na época de maluco, seu invento até hoje é útil em diversas áreas. Inclusive em shows de música, para que os instrumentistas não sejam "fritados" no palco.