Mesmo mais magra que as concorrentes de 1200cc, a Africa Twin 1000cc não perde em conforto para quem vai na carona. A opinião é de quem tem centenas de milhares de quilômetros na traseira de BMW GS 1200, a líder de venda das bigtrail no mundo, e em outras concorrentes. Ana Cristina Lague viajou de Porto Alegre a Santiago del Estero, no Norte da Argentina, como caroneira do marido, Humberto Lague.
Ela reconhece que, antes do começo da viagem, temeu pelo desconforto. Afinal, o modelo da Honda, aparentemente, é bem mais esguio que as concorrentes maiores.
– A moto me surpreendeu. A posição é tão boa quanto a das melhores que andei – assegura.
O mesmo, com certeza, vale para quem pilota. Bem ajustada, a motocicleta apresenta pouquíssima vibração mesmo quando o motor é forçado ao extremo. A posição dos pedais é agradável e o câmbio tem engates precisos. O ronco do motor não atrapalhe quem está na moto nem quem vem atrás. Os efeitos são amenizados por um bom capacete – o LS2 articulado, usado na viagem, mostrou-se silencioso, além de bastante leve para a categoria. A moto poderia ter o guidão um pouco mais alto e largo para uso fora de estrada, mas nada que prejudique a condução.
Vibração quase zero
No mesmo quesito que a Africa supera a 800GS, perde para a alemã maior, a 1200GS: vibração dos pedais. Em parte, o motivo tem a ver com a potência do motor, e fica mais claro a partir dos 120km/h. É nessa hora que o motor mais elástico da 1200 permite trabalhar em rotações menores. Mas a 1000cc da Honda não faz feio. Ao contrário.
Nesse item, é muito superior a 800cc alemã. Ambas pesam 232kg (a F 800 convencional pesa 212kg), mas a Honda possui cinco cavalos a mais (90 contra 85). Mais do que isso: o propulsor bicilíndrico da japonesa, a 270°, tem respostas bem mais rápidas que o da 800GS.
No que diz respeito à frenagem, a BMW tem de correr atrás do prejuízo. Como ambas têm mesmo peso, pesam em favor da japonesa o disco dianteiro de 310mm e quatro pistões contra o de 300mm e dois pistões da rival. O resultado é que, nas chamadas "alicatadas", a Africa trasmite mais segurança.
O fato de a BMW tem dico maior na traseira (265mm contra 256mm) faz pouquíssima diferença, pois ambos são acionados por pistão único. Mesmo que a roda traseira da Africa tenha uma polegada a mais (18 contra 17), não se nota instabilidade ou cansaço no sistema.
Comparada a modelos maiores, a Africa Twin não leva grande vantagem em relação à BMW 1200 GS. São apenas 6k (232kg contra 238kg). Mas para os outros modelos, a diferença aumenta. Triumph Tiger 1200 chega a 259kg e a Yamaha Super Tenéré 1200 vai a 257kg. No comparativo com a BMW F 800 GS Adventure, certamente o maior concorrente direto do modelo japonês, há um empate – a alemã pesa os mesmos 232kg.