Abocanhar os clientes quer por ventura tiverem problemas com a Toyota e, também, atrair os usuários off-road que compram Mitsubishi L200. É isso que a Nissan tentará com a nova Frontier, que foi apresentada à imprensa especializada ontem e chega hoje às concessionárias de todo o país. Por R$ 166,7 mil, os japoneses oferecem apenas uma versão, 4x4 e bem equipada, feita para rivalizar com as top de linha do mercado.
Quem experimentar a Frontier e suas concorrentes de mesmo porte, sentado apenas no banco traseiro (com um motorista particular ou amigo dirigindo), certamente não terá dúvida: vai comprar o veículo da Nissan. Os japoneses modificaram completamente a suspensão traseira, aposentando o velho feixe de molas e, em seu lugar, adotando sistema multilink com molas helicoidais e eixo rígido. O resultado é que, no teste, o veículo perdeu a sensação pula-pula, tão tradicional na categoria. Ficou muito mais confortável que as rivais diretas e seu comportamento lembra mais o da Fiat Toro – a picape menor, porém, tem suspensão traseira independente, o que a faz chacoalhar ainda menos.
O problema, para a Nissan, é que praticamente ninguém compra veículo fazendo este tipo de teste. E, na hora de conduzir a picape, alguns problemas aparecem – mas é bom deixar claro que, em relação à versão anterior, os avanços da Frontier foram enormes. A direção hidráulica não é o ponto forte, pois é mais pesada que a média. Na estrada, acima de 100km/h, o barulho do motor invade a cabine. O novo câmbio automático de sete marchas (era de cinco, sem opção manual) privilegia a força, mas não oferece aletas atrás do volante, uma coqueluche entre os brasileiros – há trocas manuais apenas na alavanca.
O propulsor biturbo de 2.3 litros agora tem 190 cavalos. Mas existem mais motivos para a performance ter aumentado. Um deles é que a gigantona perdeu 178kg com a adoção de metais mais leves – só na carroceria foram 94kg. E o torque de 450NM, que antes vinha com 2.000rpm, agora chega com 1.500rpm. A sopa de letrinhas também melhorou. Há assistentes de descida e subida, de estabilidade. O diferencial traseiro também pode ser bloqueado, o que melhora sensivelmente a performance ao atravessar terrenos difíceis na lama ou buracos gigantescos. A tração 4x4 pode ser ativada a 100km/h e oferece reduzida.
Os japoneses trouxeram algumas possibilidades inéditas no veículo fabricado no México, que a partir do segundo semestre do ano que vem será feito na Argentina. Um deles é o sistema de regeneração no filtro de partículas, item útil para quem trafega em regiões de minas. Na caçamba, que já vem com proteção (ponto para a Nissan, pois parte das concorrentes não tem), há uma tomada de 12v e presilhas móveis que facilitam a amarração – para quem carrega motos e bikes, ótima pedida. Os ângulos de entrada (31,6°) e de saída (27,2°) mais lembram um jipe e facilitam andar na terra.
O painel ficou bem mais bonito e funcional, e a tela de 6,2 polegadas vem com GPS. Os bancos ficaram muito mais confortáveis, com ajuste elétrico para o motorista e um item de série que só no Sul do país deve ser usado: aquecimento dos bancos dianteiros. De acordo com a Nissan, a chamada cesta de colisão dianteira é a mais barata da categoria. Com essas armas, a picape líder de vendas na Colômbia e Chile deve ganhar um pouco mais de mercado no Brasil, onde não consegue números expressivos.
No teste com jornalistas, a melhora da picape foi elogiada, mas a Nissan organizou evento semelhante aos concessionários, também em Paulínia, interior de São Paulo, e se deu mal. Em um teste, aparentemente para ver o bloqueio de diferencial, o modelo capotou. Não houve feridos, mas a imagem acabou chegando às redes sociais.