A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motos e assemelhados (Abraciclo) firmou acordo com a Caixa Econômica Federal que visa ampliar as operações de financiamento para o segmento. A parceria prevê o desenvolvimento de ações conjuntas para potencializar os negócios do setor. O consumidor que quiser aderir ao financiamento terá de ser, necessariamente, correntista do banco. Poderá financiar até 90% do valor do bem, com taxa de 1,75% ao mês e prazo de até 60 meses para motos acima de 150cc.
A diferença é que, pelo acordo, o motociclista terá de procurar primeiro uma agência e, só depois, ir até a concessionária de sua preferência para adquirir o veículo - diferentemente da compra tradicional, na qual o cliente vai à loja e, com auxílio de um vendedor, tenta o financiamento na hora. Até ontem, as agência do Estado ainda não estavam disponibilizando o sistema de financiamento. A previsão é de que tenha início ainda este mês.
O plano visa favorecer, sobretudo, os motoboys e mototaxistas, que possuíam descontos especiais de financiamento vinculado a sindicatos. Com a crise, porém, essas possibilidades de compras com juros de até 8% ao ano acabaram.
Diretora da concessionária Comoto e duas vezes presidente da Associação dos Concessionários Honda no Estado, Andrea Möller acredita que a medida pode alavancar as vendas:
– Desde que tenham flexibilidade na hora de conceder o crédito. Tem de ser dado para quem tem renda mais baixa ou está em situação não tão favorável.Se derem o benefício para quem não precisa, de nada vai adiantar – alerta Andrea.
Restrição, o problema
De acordo com a diretora da Comoto, a cada 10 pedidos de crédito feitos hoje, no máximo dois são aprovados. Significa a metade de quatro anos atrás (quatro de 10), na média anunciada pela Abraciclo. Para Andrea, a taxa de 1,75% de juros ao mês é "bastante interessante", pois os melhores números do mercado giram em torno de 1,99% mensais. Mas ela lembra que, quando o financiamento for colocado em prática, será possível ver realmente quais serão todos os custos para o consumidor.
Em 2016, a Caixa foi responsável por cerca de um quarto dos financiamentos de motos, com aplicação média de R$ 60 milhões ao mês e saldo em financiamento de R$ 1,2 bilhão. Mas não foi suficiente para melhorar o desempenho do setor, que produziu menos de 900 mil unidades e voltou aos patamares de 2002 - entre 2008 e 2011, as fábricas ficaram perto de 2 milhões de unidades ao ano.