Quem compara a Spin Activ com as SUVs e veículos de tamanho semelhante, tem tudo para achar que ela tem ótimo custo benefício. Mas quem analisa os itens oferecidos pela minivan de R$ 70 mil, provavelmente, vai considerar que o modelo deixa a desejar, ainda mais por ser top de linha. Diferenças à parte, a Spin vive seu melhor momento no cenário nacional e, no Rio Grande do Sul, as vendas estão melhor ainda.
Lançada no Brasil em 2012, a Spin passou por sua maior revitalização no ano passado. Por isso, dificilmente a Chevrolet vai mexer muito na versão a ser lançada em junho. A montadora deve apostar as fichas no suvinho Tracker, até porque o seu segmento, o de SUVs, continua em alta no mercado brasileiro. A menos que o sucesso inesperado que a Spin começou a fazer, com as remodelações do ano passado, mude o pensamento dos americanos.
Parte desse aumento nas vendas deve-se a um importante público na cadeia automotiva: os taxistas, sobretudo os que trabalham no aeroporto e na rodoviária. Grandona, ela não tem problema para comportar malas de famílias que chegam de viagem. Há ainda o Uber.
Teste na prática
Para quem entra no carro, a melhor impressão é o espaço. Fica claro que o veículo abriu mão de linhas modernas e, com um formato mais quadrado, garantiu mais capacidade de carga. Assim que as rodas giram, a sensação é muito boa. O motor e câmbio usados no Cruze funcionam muito bem na Spin, e a direção elétrica dá conta do recado.
Porém, ao contrário do sedã médio, a minivan peca no acabamento usado para abafar o som. O resultado é que o barulho do propulsor, acima de 2 mil giros, invade a cabine. O ar-condicionado é muito bom, mas faltou uma saída para os passageiros de trás. Por se tratar de uma das versões top, a Activ deveria ter ainda uma câmera de ré e bancos em couro, não oferecidos nem como opcionais. Faltou à GM criar uma versão "mais top", mesmo que para isso o veículo tivesse o preço aumentado, alinhado ao dos SUVs.
Curiosamente, no painel o modelo tem uma bússola, que acaba sendo praticamente inócua no uso urbano e até na estrada. Os freios foram mantidos e as suspensões melhoraram um pouco. Em parte, porque a Spin ficou 30kg mais leve. Mas o maior responsável é a redução em 10 milímetros no curso de atuação – apesar de incomum para um veículo com aparência mais off-road, a medida beneficiou a aerodinâmica da Spin, que conforme a montadora, teve melhora na ordem de 30%. A GM manteve apenas dois airbags no veículo, e com isso ele fica longe de ser destaque no quesito segurança.
Melhorias notáveis
Em relação à versão anterior, a evolução da Spin é fácil de perceber. O motor 1.8 SPE/4, que substitui o Econo.flex, ganhou três cavalos (chegou a 111 a álcool e 106 a gasolina). A terceira geração do câmbio automático de seis marchas tem trocas mais rápidas e suaves. Mas o principal advento mecânico é na grade dianteira. Ela abre e fecha a entrada de ar do radiador em função da temperatura, que varia de acordo com a velocidade e até do uso de ar-condicionado.
Inédita em carros nacionais, a tecnologia já era usada nos Cadillac dos anos 1960, porém até nos Estados Unidos caiu em desuso. No Brasil, a linha Activ da GM passa a ser pioneira com grade ativa.
Ficha técnica
Motor: 4 cilindros em linha 1.8, 8V, 1796cm3, flex
Potência: 106cv (111 com etanol) a 5.200rpm. O torque é de 16,8kgfm a 2.800rpm (g) e 17,7kgfm a 2.600rpm (e)
Câmbio: automático de seis marchas
Direção: elétrica
Suspensões: McPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e tambor (t)
Tração: dianteira
Dimensões (mm): comprimento, 4.624; largura, 1.764; altura, 1.953; entre-eixos, 2.620
Porta-malas: 710 litros (1.021 com banco rebatido)
Tanque: 53 litros
Peso: 1.275kg0-100 km/h: 11s1
Consumo médio (km/l): 6,9,1 (e) e 10,1 na cidade, 12 (g) e 8,4 (e) na estrada
Pontos altos
Espaço
Casamento motor e câmbio
Consumo (para o tamanho)
Ótimo volante elétrico
Adesão ao OnStar
Porta-malas excelente
Pontos baixos
Não há câmera de ré
Ausência de saídas de ar- condicionado na traseira
Cinto apenas abdominal no centro do assento traseiro e falta isofix
Versão é top e não tem bancos de couro
Plástico duro demais no acabamento da Activ
Pedro elogia espaço, mas o acabamento...
Oriundo de uma minivan francesa, o comerciante Pedro Grando, de Porto Alegre, há quatro meses comprou uma Spin Activ. Tão já, não pretende trocar.
– Tem muito conforto e, ontem, fui para Erechim e a média foi de 13km/l. Na cidade, faz uns 10km/l. Rodei 5,5 mil quilômetros até agora e não achei algo de ruim – assegura.
Em relação ao seu veículo anterior, ele admite que "o acabamento era melhor, as maçanetas, o material usado no painel".
– Mas, de resto, sou bem mais esse aqui – conta, sobre sua Spin Activ azul.
Outro destaque do comerciante é o volante elétrico (o carro antigo dele tinha hidráulico), segundo ele mais leve na condução na estrada.Grando é um exemplo do típico consumidor que está optando pelo veículo.
– A linha Activ nos surpreendeu, não imaginávamos que venderíamos tanto. Com o estepe para fora, passamos a atender um público que não gostava da Spin. Tanto que passamos a receber na troca, como parte de pagamento, vários veículos da linha cross, coisa que não acontecia. Nos três últimos meses do ano passado, vendemos mais Activ que todas os outros modelos de Spin somados – relata o gerente de vendas da concessionária Sinoscar da Capital, Marlo Herrmann.
Conforme ele, cerca de 30% dos compradores de Spin são taxistas ou motoristas do Uber.Até os primeiros 20 dias de janeiro, foram comercializadas 158 unidades da Spin no Rio Grande do Sul. Foi o décimo veículo mais vendido no Estado no período, à frente, surpreendentemente, do Toyota Corolla – o sedã médio vendeu 151 unidades.
No país, no mesmo período, foram 1.706 Spin comercializadas. Significa que os gaúchos são responsáveis por 9,2% das vendas no país. Bem acima da média do Estado, que costuma ficar na casa de 5% para cada veículo.