O mercado nacional de motos vai mal, mas no Rio Grande do Sul, a situação é ainda pior. Como o Estado possui cerca de 6% da população brasileira, em geral as vendas ficam, modelo a modelo, nessa faixa. Só que, em dezembro, as vendas das principais motocicletas do lado de cá do Rio Mampituba não atingiram 2% do mercado nacional.
A número 1 do ranking, Honda CG 160, teve apenas 300 unidades emplacadas entre os gaúchos. Santa Catarina, apesar de ter população quase 40% menor, vendeu mais: 319. Os catarinenses comercializaram ainda mais que o dobro de Honda XRE 300 (17 a 39) e de Honda Biz (132 a 304). O caso não é exclusivo da maior montadora de duas rodas do país, que domina cerca de 80% do mercado.
Na Yamaha, dona de cerca de 12%, o fenômeno se repetiu. As XTZ 250 venderam no RS e em SC, respectivamente, 17 e 37 unidades. No caso da 250, foram 22 e 28.Para donos de concessionárias, não há como negar: a crise econômica e política do Rio Grande do Sul está dando reflexo nas vendas.
Ruim para todos
– Com certeza a economia local está prejudicando as vendas. O fato de não sair 13º e de não haver pagamento em dia aos funcionários públicos prejudica muito as vendas, sobretudo na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde situações como o agronegócio é menos importante. O volume de vendas cai para todos, qual setor dentro da economia regional está bem? – resume, indagando no final, a gerente da concessionária Honda Turbo Moto, Adriana Korzenowski.
Outra situação que faz os números despencarem em Porto Alegre e arredores é o fato de os consórcios serem uma modalidade não popular ente os gaúchos, e responsáveis por grande volume no Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país. Alguns clientes, sobretudo de motos grandes e mais caras, preferem emplacar seus veículos em Santa Catarina, onde impostos como o IPVA são mais baratos. Adriana reconhece que a ação existe, porém acredita que não chega a ser impactante no volume total.
Otimismo médio
Sócio-proprietário da Motoryama, uma das mais tradicionais representantes da Yamaha no Sul do país, Rogério Schröder reconhece que “a retração pode ser maior no Estado devido ao que tem ocorrido por aqui”. Ele ressalta que, no Sul, a marca japonesa continua tendo as melhores vendas em relação aos demais Estados, e está otimista com as vendas da Neo em 2017.
– A Yamaha está partindo para uma postura de trabalhar com motos mais sofisticadas. A Neo, por exemplo, é automática, e a YBR 125 só sai com roda de liga leve. A tendência é de crescimento no próximo ano, a parte pior já ficou para trás. Muita gente estava retraída, com medo de investir, mas isso está passando – avalia.
Já Adriana prevê um primeiro semestre “bastante complicado”, com alguma recuperação no segundo, o que deve proporcionar um crescimento entre 3% e 5% ao ano. Sobre o mercado de motos usadas, ela ressalta que a venda de modelos com menos de quatro anos, com maior possibilidade de financiamento, estão aquecidas.– Quem tem condições de pagar à vista tem feito negócios muito bons no setor de usados – completa Rogério.
VEÍCULO VENDAS BR VENDAS RS (PROPORÇÃO)
CG 160 14.798 300 (2,0%)
BIZ 7.075 132 (1,8%)
NXR 160 7.345 123 (1,6%)
TWISTER 1.636 89 (5,4%)
CG 125 2.081 82 (3,9%)
YBR 150 1.504 67 (4,4%)
PCX 150 1.771 61 (3,4%)
XRE 190 1.175 49 (4,1%)
FAZER 250 668 31 (4,6%)
XTZ 150 639 22 (3,4%)
YBR 125 632 21 (3,3%)
XTZ 250 637 17 (2,6%)
XRE 300 1.398 17 (1,2%)
FAZER 150 643 15 (2,3%)