Marcos Colvero não tem parentes motociclista. Ao contrário: nenhum familiar é adepto do mundo das duas rodas, e alguns até criticam abertamente. Seus amigos de infância, como qualquer menino, tinham no quarto posters de super-heróis como Superman e Homem-Aranha. No de Marcos, ficavam expostos o de pilotos dos legendários pilotos de motocross Moronguinho e Paraguaio. Qual o porquê dessa paixão? Isso o empresário, hoje com 44 anos, ainda não conseguiu explicar. Só manter. Neste final de semana, ele começa a participar pela quarta vez do Rally dos Sertões, uma das principais provas do gênero no país.
– Não tenho muito como explicar esse gosto pelas motos. Mas tenho certeza que quem pilota, sabe o que a gente sente quando está na prova – resume o diretor da Melnick Even, uma das principais construtoras do Rio Grande do Sul.
Com um,a KTM 500cc, Marcos disputará a prova na categoria Production Aberta. Sua trajetória na competição começou em 2011.
– Minha intenção era chegar vivo a Fortaleza e consegui. Em 2013, o motor estourou no terceiro dia, foi complicado. No ano passado, fiquei em quarto na Production e em 12º na geral. Venho aprendendo ano a ano.
Todos os pilotos à frente de Marcos na classificação são profissionais. Já Marcos tem de dividir os treinos físicos e técnicos com as operações da construtora, que em 2016, apesar da crise, vive fase de grandes negócios – o que demanda grande tempo.
Disputa doméstica
Para tentar juntar o útil ao agradável, passou a treinar motocross com o filho Pedro, de 14 nos, que herdou do pai a paixão pelo off-road em duas rodas. Só que aí veio a competição.
– Ele anda com as 250cc, e tive que arrumar uma também para andarmos na mesma balada. No começo eu tinha de esperar, só que agora ele anda na minha frente. Tenho de andar no meu limite e muitas vezes ele é mais rápido do que eu. Na pista, não tem moleza – brinca.
Ao contrário de Pedro, Marcos só começou a competir aos 25 anos. Para este ano, ele espera ficar entre os 15 primeiros, já que a prova terá mais inscritos – até a última semana, havia 61 pré-inscritos, entre eles alguns destaques internacionais. Para Marcos, a prova é uma preparação para a edição de 2018 do Rali Dakar, mais famosa competição off road do mundo, que nos últimos anos tem sido disputada na Argentina e Chile – eventualmente, passando pela Bolívia. A importância da prova para Marcos?
– Pode ter certeza, eu não morro sem participar de um Dakar.
Segurança, sempre
Marcos tem vários troféus em provas do gênero, mas o que mais recorda são das fraturas e lesões que ocorreram ao longo dos anos. Por isso, para quem quer começar no esporte, sua dica é investir em equipamentos de segurança.
– Como qualquer esporte, é movido por paixão, pois exige muita entrega. É inevitável que a gente caia e se machuque de vez em quando, faz parte, e é bom que fique claro que quem tem muito receio de se lesionar, melhor nem começar. Eu sei que muita gente reluta em investir na segurança, mas vale a pena, acredite. Não só em roupas adequadas, mas também em manutenção certa da moto. Vai por mim, sai bem mais barato do que consertar as fraturas – exemplifica.
Em sua 24ª edição, o Sertões vai de 4 a 10 de setembro, com saída em Goiânia e chegada em Ponte Alta, no Tocantins. Serão quase 3 mil quilômetros, dos quais mais de 1,5 mil cronometrados. Competidores de nove países confirmaram participação este ano.