Sucesso entre praticantes de off-road ou mesmo quem usa o carro para terrenos complicados a trabalho, a L200 nunca conseguiu ganhar terreno entre os fãs de picapes para uso misto. Suas suspensões duras (que faziam o carro pular demais no asfalto), o barulho do motor e a falta de itens de conforto deixaram o veículo atrás das concorrentes. Mas, pelo que mostrou a versão 2017, isso tudo é coisa do passado – e o futuro pode ser muito bom para a Mitsubishi.
Apresentado na semana passada no Interior de São Paulo, a L200 Sport, que chega em três versões (GLS, HPE e HPE Top), mostrou gigantesca evolução em todos os níveis. Mesmo quem conduziu uma 2015 mal consegue acreditar se tratar do mesmo veículo. O visual ficou mais suave, mas é em partes menos visíveis que ocorreram as principais melhoras.
Mesmo com menor litragem que o modelo anterior, o motor ganhou 10cv e 5kg de torque. Apesar de não ser a mais potente da categoria, a L200 “emagreceu” pelo menos 40kg e passa a oferecer a melhor relação peso/potência. Feito em alumínio e com os coxins reforçados, o propulsor é tão silencioso quanto o da Hilux e S10, líderes de vendas no segmento. As suspensões foram recalibradas e, no asfalto ou em lamaçais, trabalham bem. Os bancos, outro item que deixava a desejar, receberam nova espuma, ficando mais macios – inclusive os de trás.
Na hora de encarar o barro, o bloqueio do diferencial traseiro é a diferença entre ficar preso em um buraco ou sair rodando com tranquilidade.Outro ponto que surpreende é a capacidade de manobrar. O raio de giro de 5,9m é o menor da categoria e faz com que a L200, mesmo grandalhona para uso urbano, seja dócil na hora de estacionar ou entrar em curvas fechadas – como estacionamentos de shoppings. Para atrair quem gosta de ar esportivo (mesmo em um carro utilitário), borboletas de troca de marcha foram colocadas atrás do volante.
Revisão tem valor fixo
Os valores da revisão são baixos para o valor do veículo: R$ 790 até a sexta (uma a cada 10 mil quilômetros), execeto a quarta, orçada em R$ 1.519.Mas os japoneses foram econômicos demais no pacote eletrônico. A tela de sete polegadas é ótima, mas nem mesmo a versão top, que custa R$ 175 mil, oferece espelhamento para celulares – algo que todos os concorrentes têm. Outro ponto que a Mitsubishi poderia ter melhorado é o painel. A parte digital é minúscula e traz poucas informações, enquanto duas rodas enormes, ao estilos anos 1980, servem para apontar a velocidade e as rotações. Na parte de trás, faltaram uma saída USB e saída para o ar-condicionado.
FICHA TÉCNICA
Motor: quatro cilindros, 16 válvulas, 2.442 cm3, turbo intercooler a diesel. São 190cv a 3.500rpm e torque de 43,9 kgfm a 2.500rpm
Transmissão: automática de cinco marchas, com tração 4×4 com reduzida e bloqueio de diferencial. A versão GLS é manual
Direção: hidráulica
Dimensões (mm): comprimento, 5.280; largura, 1.815; altura, 1.795; entre-eixos 3.000; altura livre do solo, 220. A carga útil é de 1.075kg e os ângulos são 30º (entrada) e 22º (saída).
Suspensão: independente de braços duplos (double wishbone) na dianteira e eixo rígido com feixe de molas na traseira
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, com ABS e EBD
Rodas: liga-leve 16”, com pneus 265/70
Peso: 1.938kg
Tanque: 75 litros
À PROCURA DE MERCADO
A Mitsubishi assegura que não está preocupada com a venda das concorrentes, mas a verdade é que a montadora japonesa quer galgar postos no mercado das picapes. Apesar do preço bem mais baixo que o das concorrentes e um aparente custo-benefício muito bom, a L200 ocupa a nada honrosa 11ª posição no ranking de vendas dos utilitários
Quando comparada às demais picapes médias, a L 200 vende pouco mais de um terço da líder Hilux e menos da metade da S10. Perde feio também para Ranger e também fica atrás (por pouco) da Amarok. Em Rondônia e Acre, entre outros Estados onde predomina a terra, a L200 chega a ser a mais vendida. Mas a a falta de conforto para o asfalto comprometeu as vendas em outros locais. A versão 2017 tem boa chance de mudar esse quadro.
– Acreditamos em um aumento nas vendas de ordem de 20%. E o modelo top, ao menos no primeiro momento, deverá responder por mais de 60% das vendas – arriscou o supervisor de engenharia e planejamento da marca, Fabio Maggion.
Fabricado em Catalão (GO), o veículo chega em outubro às concessionárias de todo o país com preço a partir de R$ 132 mil.